Sua passagem
pelo Brasil com a MDNA Tour, responde com autoridade de Rainha do Pop


Madge difere de tudo que é esperado de um ícone
da cultura de massa comercial pop: arrisca perante o tempo de envelhecer à
frente de seu público, manipula a imprensa dominante a seu favor, ironiza sua
vida pessoal no show business e vê sua descendência dominar sua zona de
conforto: seu palco.
Ela contagia aos seus 54 anos, pela sua magnitude
de estrela; hipnotiza com o tamanho da ópera produzida para seu mais novo
espetáculo “MDNA Tour”; encanta com
sua voz (mesmo fraquinha), impondo sua real majestade a tudo que já realizou
para a cultura pop e prova do sabor de não ser mais hábil nos dotes vocais.
Consegue confundir seu espectador com playbacks e suas fieis guerreiras no backing
vocal, cantando no mesmo timbre de voz (um troque de DI-VA) da management master
desse grandioso circo.

Com direito a explosões em alta definição nos
gigantescos telões de LED, os jatos de sangue que sincronizam com a sonorização
dos tiros de “Gang Bang” – a
cenografia inspirada nos motéis de beira de estrada em clássicos de filmes B –
(por sinal, creio que seja a melhor música do lado A da edição deluxe MDNA). A transformação colossal da
catedral gótica de ritual profano que abre para a entrada triunfal para show
woman mais controversa dos últimos 30 anos.


“MDNA Tour” é uma
produção digna de um musical a La
Broadway, sua operística faraônica de desejos roteiro prega “Uma jornada das trevas à luz”.
Sua abertura chocante com a presença dos vitrais
translúcidos de uma imponente catedral gótica expressiva nos telões aponta Madonna vestida de noiva negra das trevas,
onde em uma cerimônia fúnebre simbólica enterra seu casamento com o diretor de
cinema Guy Ritchie. Detalhe: boa parte do repertório de “MDNA” é todo dedicado ao ex, algo já feito por ela nos anos 80 em “True Blue”.
É fabulosa e impecável essa sua entrada magistral
entoando “Girl Gone Wild”, logo após
dos cantores gregorianos profanando seus cantos como fosse uma grande catedral
seu palco. O pulsar firme durante os versos citados pela cantora. Sim minha
gente, Madonna ainda canta e não
abusa dos playbacks (tão utilizados por divas em seus shows). Ela que criou essa mecânica e usa de
forma para auxiliar como grande diferencial de toda a história contada naquele
palco, permitindo entender o porquê está na ativa por tanto tempo.
Madge passeia pela
sua discografia e carreira ímpar, mescla seus poderosos sucessos atemporais com
suas canções atuais e coloquiais.
Durante o ato Profecia,
ao visitar seu sucesso longínquo dos anos 1989, “Express Yourself” representa um grito de liberdade para uma
sociedade que lutava pelos seus diretos e deveres como cidadão. Declara
abertamente com trecho no mashup que sua canção foi vitima de plágio de “Born this way” (Lady Gaga). Deixa
nítida todas as comparações e associações de igualdade que muitos críticos levantaram
pela semelhança de ambas as músicas. E pela sua excentricidade soberana no
final inclui o trecho “She’s Not Me”,
dando um tapa com luva de película na sua suposta usurpadora (rs).


Em Revelação
(Masculino/Feminino,) surge um glorioso “insight” de moda com um desfile
incrivelmente belo e o corpete de cone de tempos de outrora usado por ela.
Sentimos os primeiros sons de “Vogue”,
sua entrada de prender atenção com uma mascara estilo clown sinistro. Algo
similar ao vídeo apresentado com a reedição da música “Justify My Love”, permitindo um sexy appel muito mais elegante,
apurado e superior ao original. Predominância da ideia cabaret, segue no
decorrer das canções cantadas nesse ato.

O supra-sumo estava por fim, a videomarker Madonna demonstra que fez valer por
estar presente com vários profissionais de grande expressão. A colaboração
criativa desse musical teve como responsável Michael Laprise. Apenas conta no
seu currículo Cirque Du Soleil. As
projeções nos telões síntese da sua análise diária (do mundo, a religião,
música e sua relevância para sociedade), a ultramegacoreografada dança, a inevitável
junção de todo conteúdo musical (novo e antigo) sem perder o poder e o brilho
de cinema que ela tanto gosta de viver.
A chegada do fim, a Redenção, deleite como um doce a canção “Like a Prayer”. Tenho arrepios somente em lembrar as arenas em que
eu pude estar presente e ouvir o fervor de sua “gente” ao exaltar a prece de
salvação à Rainha.
Algo único em constatar o poder dessa mulher com
o publico em geral, diverso em sua composição, vivendo por mais de 3 gerações
com uma força sem precedentes.
As lágrimas denunciam na faceta de muitos a
importância que um ícone / ídolo / humano tem de especial em sua vida. De sua
colaboração, para você tornar “UM” e não mais “UM” mediante a sociedade...
Ali, ao som de “Celebration” (muito criticado pelo seu impacto não midiático para
fechar a tour) – mas num ato de grand finale e mashup de “Give it 2 me”, Madonna
dá um “muito obrigada” e sem direito a bis as luzes se apagam.
Isso tudo que vimos, é um musical com uma
história de começo, meio e fim. Madge
oferece um espetáculo aos olhos e às vezes aos ouvidos, algo para depois sentar
em casa diante a TV e conferir metricamente cada detalhe que por ora ficou
solto no ar.
Essa é a assinatura de Madonna, promover grandes espetáculos que movem multidões, levando
o melhor de entretenimento pop a todos.
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