Disco coroou Madonna como a Rainha do Pop
A
crítica evidenciou o que tornaria ‘Madonna
a superestrela’ do mercado fonográfico nos anos 80. Seu terceiro álbum
sacramenta todo o caminho percorrido pela a artista e o amadurecimento criativo
que ‘Madge’ sinalizava como
compositora e produtora.
O disco
“True Blue”, lançado em 30 de junho
de 1986, tem elementos femininos bem aguçados, ditos por muitos, como mais
feminino na discografia de Madonna. A
Rainha do Pop propõe que seus ouvintes possam entender as visões que a
própria sentia pelo amor, trabalho, sonhos e decepções, questão viventes em sua
alma e, claramente, a inspiração em seu (então) marido, o ator Sean Penn, no qual M faz declarada dedicação ao álbum. Para conduzir o projeto, Madonna contou com Stephen Bray e Patrick
Leonardo, cooperando nas composições e produção de todas as canções do
disco, que por sinal, apenas “Open Your
Heart” (originalmente “Follow Your
Heart”, escrita por Gardner Cole
e Peter Rafelson – oferecida e
descartada pela Cindy Lauper) e “Papa Don’t Preach” (letra de Brian Elliot e sampleada com a sonata “Appassionata” de Beethoven), não foram produzidas diretamente pela Madonna, sendo retrabalhadas após a
apresentação à artista. Com isso, as demais músicas foram escritas pela M com o auxílio de Bray e Leonard.
O conceito
musical do disco passeia pela instrumentação de violões, bateria,
sintetizadores e instrumentos cubanos. A Rainha do Pop permeia por temas que
variam entre amor, liberdade, questão sociais como a gravidez na adolescência e
o aborto.
Capa Ícone


A
foto original foi tirada em preto-e-branco refletindo uma clara mistura de inocência,
idealismo, incorporando o estilo vibrante das cores dos anos 50. De acordo com Lucy O'Brien, autora de “Madonna: Like an Icon”, percebeu que a obra de arte proposta
anunciava a chegada de uma nova Madonna, baseando-se no apelo duradouro de seu ‘ícone-mãe’
– Marilyn Monroe: "Com essa
imagem, ‘Madonna’ fez explicitamente
a conexão entre Warhol e ela mesma, o nexo entre a arte pop vívida e o
comércio. O final dos anos 1980 marcou uma nova era do artista pop como uma
marca, e Madonna se tornou a primeira a explorar isso".
Conceito musical
A Rainha empoderada das referências e as
linguagens sugeridas para prestar elementares homenagens aos ícones da ‘Era de Ouro’ em Hollywood, criou canções nos quais destacava tais homenagens como “Jimmy Jimmy” para James Dean, ou em “White Heat”
para James Cagney, com súteis
citações ao filme “Fúria Sanguinária”,
de 1949. Enquanto isso, outras músicas flertavam com ritmos de outros tempos e
menções a culturas solares, como os tons de latinidade em “La Isla Bonita”, o clima ‘innocence’ dos clássicos anos 50,
fortemente inspirada pela influência de “Grease”
e o doo-wop dos anos 60. Neste momento, Madonna
permite remexer com seus próprios demônios e trazer ao público toda a conturbada
estrutura que transitou em sua carreira como as polêmicas que se envolveu em
toda sua jornada artística.
“True Blue”, em contrapartida, expõe uma
sonoridade límpida e cristalina, além de madura, referente aos dois projetos
apresentados anteriormente pela cantora. M
não queria apenas ser citada como uma excelente bailarina, ou, uma boa cantora.
Desejava mais, e nesse disco deixou sua assinatura como (reveladora) ótima
produtora e compositora.
Liricamente, o disco
caminha em ideias de Madge sobre as
situações como amor. Mas temos faixas como “Where’s
the Party” que ambienta uma menina que trabalha durante o dia e, à noite,
aproveita a pista de dança. Pontos como sua admiração aos ‘bad boys’ ficam claro em “Jimmy
Jimmy”. Enquanto seu amor latino em “La
Isla Bonita” discorre o escapismo da vida (dita) normal e temas anti-guerra
e anti-pobreza, além de agregar claras influências de ritmo como samba, isso chega
a ser sentido também com “Loves Makes the
World Go Round”. Porém, as firmezas dos negócios são enfrentadas com “White Heat”, incluindo a infame “make my day”, de Clint Eastwood, ademais carregar sua veia ‘uptime’ dançante com seus sintetizadores. M, apesar de buscar a maturidade e o público adulto, não podia
esquivar dos adolescentes, abordando o assunto em “Papa Don’t Preach”, onde revela ao pai está grávida antes do
casamento, mas que terá seu bebê. Já a balada “Live to Tell” traz a complexidade do ardil desconfiança, revelando
cicatrizes de infância e seguindo um ambiente emocional latente, atingindo, o nível
divino. Entretanto, a faixa homônima, nos conduz a um romance vivido nos anos
50, um espelho das mulheres vivantes do gênero pop daquele tempo. A letra é construída
no melhor estilo ‘Romeu & Julieta’
(verso-refrão), Madge olha para seu
amor e sentimentos mais singelos pelo Sean
Penn. Curiosamente, utiliza um vocabulário arcaico amoroso com ‘dear’. Em “Open Your Heart”, expressa todos os seus desejos sexuais e
engrandece a beleza e os mistérios que cercam as pessoas na ‘Latin-American’ com a faixa “La Isla Bonita”.
Singles
- “Live to Tell”: Não é somente uma
canção-balada, mas registra um dos vocais mais densos e sérios da artista. A
faixa compõe a trilha sonora do longa “At
Close Range”, estrelado por Sean Penn, marido de Madonna na época. Lançado em março de 1986, a música é a segunda
balada da cantora atingir o #1 na Billboard
Hot 100;
- “Papa Don’t Preach”: É uma faixa
dance-pop com instrumentação de guitarras, sendo seu quarto single #1 nos EUA. A
música tem a mensagem com assunto polêmico e controverso para época: a gravidez
na adolescência. Era junho 1986 e ainda era tabu comentar esse fato que já
vinha acontecendo com certa frequência, a gravidez das jovens antes do
casamento;
- “True Blue”: Verdadeiro sincero, esse era
o tom do terceiro disco da Rainha. Madonna buscava ser sincera com ela e
seus aliados (fans). A canção tem forte inspiração no dance-pop existentes nos
grupos femininos de Motown dos anos
50-60. A faixa alçou o #3 na Billboard
Hot 100;
- “Open Your Heart”: Com influência no
amor, seguindo o caminho do sentimento nutrido por um garoto a uma garota, Madge expressa todo o desejo sexual na
letra. Sendo assim, seu quinto single #1 na Billboard Hot 100;
- “La Isla Bonita”: É seu primeiro flerte
com a comunidade latina. Na letra, temos a ótica da cantora como uma turista
que reza “que os dias iriam durar, mas eles foram muito rápidos”.
Crítica / Legado
O distanciamento do
seu lançamento, nos guardar a reflexão de tão irresistível é o disco, como um
álbum trinta anos após continua robusto e amável, fiel ao passado recente de
outrora dessa artista e descaradamente indicando novos tempos acima dele.
“True Blue” é a melhor maneira de
encarar, pela própria Madonna, seu
rito de passagem da vida musical açucarada adolescente ao mundo devasso adulto
em sua obra. É a sinalização coroada da ‘estrela
americana’ para o ‘maior ícone
feminino musical’. Com tudo, a imagem apoteótica gerada pela foto/capa que
subtrai o nome da artista.
Todo o clima
dance-pop, exploravam as verdadeiras habilidades de Madge como compositora, produtora e provocativa; expõe o amplo
alcance de realização e puro senso de humor.
De acordo com Stephen Thomas Erlewine, “’True Blue’
transformou a Madonna na maior
estrela dos anos 80 – a artista infinitamente ambiciosa e destemidamente
provocativa que é ultraje, debate ignição, obtêm boas críticas – e faz boa
música enquanto ela está fissurada no que faz”.
Já em
sua então terceira edição, MTV Music
Awards, em 1986, consagrou a videografia da Rainha com o prêmio Video Vanguard Award, desenvolvido para
reconhecer o impacto de seus clipes na indústria pop, dessa forma, tornou-se a
primeira artista feminina a receber a honra.
Curiosidades
- Segundo
IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica) sua vendagem passa dos
25 milhões de cópias ao redor do globo;
- É a
primeira aparição da cantora no livro dos recordes Guinness Book;
- É o
álbum que mais vendeu em 1986;
- Maior
vendagem de uma artista na década de 80;
-
Está lista de Melhores Álbuns dos Anos
80 da revista Slant na 60ª posição;
- “La Isla Bonita” foi escrita para o disco
“Bad” do cantor Michael Jackson, no qual a recusou por não ter interesse no mercado
latino;
- Em
1985, durante o “Live Aid”, Madge “Love Makes the World Go Round”, antes mesmo
do lançamento do álbum;
- “Live
to Tell” foi gravado em um único take, sendo que a voz do áudio é a fita demo;
- As
primeiras versões do disco, a capa não apresentava logotipo, porém, nas edições
posteriores vendidas na Europa e América do Sul, ganhou o nome de Madonna e o
título do álbum na capa;
E, no
final, nunca saberemos o que Madonna
anseia em ser: demônio ou anjo? Ou uma exemplar filha ou uma rebelde das causas
do mundo? Ou uma religiosa católica devota ou uma herege? Ou ela quer ser tudo
isso ou nada além de expor sua arte?!
Fontes:
MTV US
Madonnarama
Nenhum comentário:
Postar um comentário