sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Centenário de Vinícius

Redescobrindo sua obra, podemos observar a vida do artista que aflorou o amor

 Homem que levou a fama internacional a música brasileira com “Garota de Ipanema” faria no próximo dia 19 de outubro, cem anos. Mago da poesia e da bossa nova, um bon-vivant, viveu em várias partes do mundo – cidades como: Paris, Londres, Montevidéu e Salvador, e tantas outras – porém, voltou a sua cidade natal para se despedir, dando adeus ao Rio de Janeiro, em 1980, vítima de uma isquemia cerebral. Moraes cultivava certa de afinidade com São Paulo. Dizia que o grande problema da Pauliceia Desvairada era que, por mais que caminhasse, jamais chegaria a Ipanema. Mas, várias atividades em sua homenagem serão realizadas na capital (veja abaixo).
O gênio da música e literatura brasileira não apenas somava a sua famosa tripla de A’s: cantor, compositor e poeta, além disso, agregava a sua vida os ofícios de diplomata, dramaturgo, cronista e crítico de cinema. Como ele mesmo o definia, se fosse somente um, seu nome seria “Vinicio de Moral”, e não Vinicius de Moraes.
Imergindo em suas obras, alguns pontos especiais, dão de como esse homem tinha em prazer no viver. Em minha pesquisa, descobri um relato de 1977, em pleno verão tropical, na pequena Santo Antônio do Pinhal (a 173 km de SP), poderia ser uma noite tranquila como qualquer outrora, em um quarto de hotel da cidade, mas, uma figura especial repousasse como Vinicius de Moraes, alguns jovens surgiram próximos a sua janela, após curtirem a uma apresentação do ídolo, no qual cantarolaram os versos mundialmente conhecidos de “Garota de Ipanema”: “Olha que coisa mais linda, mais cheio de graça...” e, cinco minutos depois, munido de seu inesperado violão, aos 64 anos, sentou-se na janela e iniciou um show extra até o sol nascer.
Em sua vasta obra, encontramos peculiaridades nos caminhos delineados por ele – como lançar um álbum dedicado aos pequeninos, “A Arca de Noé” (1980), e compor uma gama espetacular de trilhas para novelas da Globo, como “Nossa Filha Gabriela” (1972), “O Bem Amado” (1973) e “Fogo Sobre Terra” (1974). São mais de 300 músicas e 400 poemas que compõe todo seu trabalho, revolucionando a literatura e a música brasileira, chegando ao entendimento que existiu um Brasil antes e outro depois de Vinicius.
Uma das parcerias mais antológica de nossa história cultural aconteceu em 1956, o encontro da genialidade do poeta com o compositor carioca Antônio Carolos Jobim (1927-1994). Joias raras saíram dessas mentes magnificas e brilhantes, versos que domina o cenário nacional até hoje, como: “Se Todos Fossem Iguais A Você”, “Garota de Ipanema”, “Canção do Amor Demais”, “Eu Sei Que Vou te Amar”, “Agora de Beber”, “Ela é Carioca” e “Lamento”. Outras parcerias emblemáticas dão o tom da afinada musical que o embalou, cito alguns nomes como Carlos Lyra, Baden Powell (1937-2000) e Pixinguinha (1897-1973).
A obra de Vinicius somente trilhou de forma densamente pelo fato de sua vida ser intensa, fugindo de qualquer vestígio de solidão que poderia ter um homem que naufragava em crise depois dos términos de seus relacionamentos, um romântico incansável. E a áurea mítica que perpetua a sua imagem, aquele homem sedutor, gênio e boêmio.

Eu tenho uma relação de extrema “intimidade” com esse mestre, durante minha infância, uma tia gravou em uma K7, músicas que iriam (e continua) marcar toda essa fase tão bélica que uma criança passa. Uma reunião de canções infantis que fiz a cabeça da criançada no final dos anos 80, e, uma composição especial em parceria com o músico Toquinho, reina absoluta na trilha da minha infância: “Aquarela” é o sinônimo do meu conhecimento desse mito e sua invasão com seus versos em minha vida continuam a permear languidamente o meu ser. Sua imagem não se prende a fatos ou situações vivenciadas por esse poeta, idealizado em minhas interpretações a sua obra. Além dessa canção, meu amor aflora com “Eu sei que vou te amar, por toda a minha vida eu vou te amar, em cada despedida eu vou te amar, desesperadamente, eu sei que vou te amar, e cada verso meu será pra te dizer, que eu sei que vou te amar, por toda a minha vida...”.  Espero, em minha vida, viver ela intensamente e ter amores correspondidos...

"Aquarela" com Toquinho


"Eu Sei que Vou te Amar" com Tom Jobim



UpData:
Vale a pena conferir:
“Saravá! 100 do Poeta!”
Os atores Elisa Lucinda, Emir de Souza e Odilon Wagner interpretam textos de Vinícius de Moraes que se integram a 21 canções interpretadas por um elenco de músicos e cantores. Amanhã (19), às 21h, e domingo (20), às 19h. No Auditório Ibirapuera (av. Pedro Alvarez Cabral, s/n.º, portão 2, Parque Ibirapuera. Tel.: 3629-1075. R$20. Livre.

“100 Anos Sempre Encantando Vinícius de Moraes”
Leitura de textos, poemas e apresentações de musicas, com atriz Maria Fernanda Candido, Miriam Mehler e Elias Andreato, entre outros. Amanhã (19), às 17h. Na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (av. Paulista, 2073 – Bela Vista). Tel.: 3170-4033. Grátis. Livre.

“Noite Jazz & Co.”
Show que celebra as músicas de Vinícius. Amanhã (19), às 19h. No PariBar (Pça Dom José Gaspar, 42 – República). Tel.: 3237-0771. Grátis. Livre.

“Chega de Saudade do Poetinha”
No show, cantora Vânia Bastos, acompanhada por Ronaldo Rayol ao violão e Moisés Alves no piano, canta músicas consagradas, como “Eu Sei Que Vou Te Ama” e “Chega de Saudade”. Amanhã (19), às 20h. No Teatro do Sesi (rua Carlos Weber, 835, Vila Leopoldina). Tel.: 3834-3458. Grátis. Livre.

“Jazz Sinfônica Especial 100 Anos de Vinícius”
A orquestra Jazz Sinfônica, com regência de joão Mauricio Galindo, apresenta músicas que Vinícius de Moraes fez com Tom Jobim, Toquinho e Baden Powell, seus principais parceiros. Dias 25 e 26 de outubro, às 21h. No Auditório Ibirapuera (av. Pedro Alvares Cabral, s/n.º, portão 2, Parque Ibirapuera). Tel.: 3629-1075. R$20. Livre.


Fonte: Revista da Hora
Colaboração: Arthur Berckovich

Nenhum comentário:

Postar um comentário