sexta-feira, 5 de abril de 2013

Cazuza - O Poeta Está Vivo


Há 55 anos nascia Agenor de Miranda Araújo Neto
O nome citado acima revela o porquê “Cazuza” na infância renegava seu nome de batismo, somente mais tarde, quando descobriu quem admirava ter o mesmo nome que o seu, o compositor e cantor Cartola, aceitou felizmente.
“Cazuza”, sempre teve contato com a música e sua participação como influência na sua formação como indivíduo, tendo uma parcela significativa para seu crescimento. O seu pai era produtor fonográfico, pertencente de ambiente favorável para transitar livremente nas companhias de grandes nomes da música popular brasileira, tais como: Caetano Veloso, Elis Regina, Gal Costa, Gilberto Gil, João Gilberto, Novos Baianos, entre outros.
A musicalidade de sua consistente bagagem, figuras importantes artistas de nossa cultura, as preferências pelas canções dramáticas, carregadas de melancolia, como as do próprio Cartola, Dolores Duram, Lupicínio Rodrigues, Noel Rosa, Maysa e Dalva de Oliveira, revelava seu caminho artístico que seguiria. Ele também matinha uma admiração pela roqueira Rita Lee, e para quem escreveu a letra de “Perto de Fogo”, musicado por ela posteriormente.
Em 2004, o lançamento da cinebiografia – “O Tempo Não Para” – dirigido pela Sandra Werneck, no qual relataram alguns detalhes de sua convivência familiar, densa e, profundamente amorosa, sua amizade com Bebel Gilberto e os integrantes do Barão Vermelho, sua vida cheia de fullgás e seus amores...
Sua passagem pela Universidade Católica em Berkeley, nos EUA, para cursar fotografia, em 1980, marca o ano que regressa a cidade maravilhosa e passa a integrar o grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone no Circo Voador. E nessa época também, é datada sua primeira apresentação em publico cantando do artista.
Mas o destino reservava algo muito especial ao Cazuza, ele já escrevia letras e poemas em 1965, e mostrava a avó para avaliar suas ideias. E depois de tomar contato com a “Geração Beat”, os chamados poetas malditos, que influenciariam sua carreira durante sua passagem pela América. O cantor Léo Jaime indicou para fazer parte de uma nova banda de garagem, no qual o mesmo não poderia aceitar o convite.
Então, no bairro de Rio Comprido (Rio), nascia a banda “Barão Vermelho” após ensaios na casa do tecladista Maurício de Barros. Além de contar com os “meninos”: Roberto Frejat (guitarrista), Dé Palmeira (baixo), Guto Goffi (baterista) e Maurício.
A chegada de Cazuza causou um frisson pelo seu vocal berrado e suas letras para a composição de um repertório próprio para banda, deixando os covers até ali, usual deles. E a parceria com Frejat nas composições seria aclamada pela crítica no rock nacional como: “Bilhetinho Azul”, “Ponto Fraco”, “Down Em Mim”, “Todo Amor Que Houver Nessa Vida”, marcaria o começo de sucesso da banda de garagem.
O rótulo de “banda maldita” somente deixou o “Barão Vermelho”, quando o cantor Ney Matogrosso gravou “Pro Dia Nascer Feliz”, dando o empurrão que faltava para decolar a banda e popularizar no Brasil.
No decorrer dos lançamentos, fomos brindados com o brilhante poeta que Caetano mencionará quando criticou as rádios da época por não ceder espaço para aquele que seria o maior compositor de sua geração.
“Maior Abandonado”, “Por que a Gente É Assim?” e a participação no quinto dia do Festival Rock in Rio, em 1985, mesma data da eleição de Tancredo Neves, tornou-se antológico este momento importante para uma geração, e o fim da “Ditadura Miliar”.
Em julho desde mesmo ano, Cazuza deligou-se da banda com uma declaração um pouco forte: “Não divido nada, muito menos o palco”. Havia uma necessidade de buscar mais liberdade para compor e se expressar, musical e poeticamente, seguindo carreira solo. Suspeitas apontam que neste mesmo período de suas frequentes febres anunciava indícios da AIDS que se agravaria anos mais tarde, dava os primeiros sinais. Sua internação por pneumonia o leva a realizar um teste de HIV, que seu resultado é negativo. Isso vésperas de lançar, em novembro de 1985, seu primeiro álbum solo, “Exagerado”. Ainda tem que enfrentar problemas com a censura pela a faixa “Só As Mães São Felizes” vetada.
Seu segundo disco chegará ao mercado em meados de 1986, “Só Se For a Dois” mostrará uma temática romântica como podemos notar na faixa título, em “O Nosso Amor A Gente Inventa”, “Solidão Que Nada” e “Ritual”.
A sequência de sucessos passará ser algo natural nas composições de Cazuza, mas em 1987 a confirmação da presença do vírus HIV, levou o cantor diminuir sua necessidade de viver intensamente. Deixando aquele rapaz rebelde, boêmio e polêmico, e ter declarado em entrevistas sua bissexualidade, daria licença a uma imagem frágil nas aparições públicas que ocorria, enquanto conviveu com a AIDS.
“Ideologia” nasceu depois de seu retorno dos EUA, pelo qual passou por procedimentos médicos. O disco lançamento em 1988 reúne grandes clássicos ideológicos como “Brasil” (conhecida na voz da cantora Gal Costa e serviu para ser tema de abertura da novela global Vale Tudo) e “Faz Parte Do Meu Show”.
Parar de produzir, isso Cazuza não deixou, mesmo com as dificuldades que a doença denunciava para sua locomoção com cadeira de rodas e a exposição de sua fragilidade, nos preencheu com seus poemas canções como “Codinome Beija Flor” e a minha música preferida, “O Tempo Não Para”, essa por sinal deu nome ao filme que retratou a vida desse gênio da nossa cultura musical.
A faixa “Burguesia” é um exemplo dos efeitos da doença na vida de Cazuza, nos transporta para sentir nitidamente a voz enfraquecida pela presença do vírus.
E, no dia 07 de julho de 1990, o poeta nos deixa aos 32 anos por conta de um choque séptico causado pela AIDS.
A herança de sua obra é extensa e admirável, em 9 anos de carreira, Cazuza nos deixou 126 canções gravadas, 78 músicas inéditas e 34 para outros interpretes. E por ser uma das primeiras personalidades brasileira a revelar ser portador do vírus HIV, seus pais fundaram a Sociedade Viva Cazuza, em 1990. A instituição tem como intenção proporcionar uma vida melhor às crianças soropositivas através de assistência a saúde, educação e lazer.
E sua faceta poética nunca será esquecida...

O amor é o ridículo da vida. A gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraiso que nos persegue, bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não doi." CAZUZA







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