Enfim, o final de “Salve Jorge” aconteceu
na última sexta-feira
A trama da autora de Glória Perez chegou ao fim, apresentando em seu grand finale, problemas de ordem de continuidade, falha no roteiro e situações inverossímeis.
Com um tema que
buscava mostrar uma urgência e problemática mundial, a novela “Salve Jorge” tinha a faca, o queijo e a
goiabada para substituir em grande estilo sua antecessora “Avenida Brasil”.
O tráfego de
pessoas, uma realidade pouco apresentada, seria um tema pertinente para manter
o ‘bumbum’ do telespectador grudado no sofá por mais sete meses. Porém, apesar
de ser um assunto de importância policial e realista, a autora quis permitir
suas ideias a voos altos de histórias fantasias, numa margem de realismo
fantasioso, algo similar a: “Saramandaia”,
“A Indomada”, ou uma fantasia “Cordel Encantado”. Entretanto, o tema
central para trama era realismo puro, assunto policial, urgente e de relevância
para uma população que não tinha o maior conhecimento da influência e
organização desse tipo de crime.
Seguindo essa ótica,
podemos concentrar as maiores problemáticas enfrentadas pela Glória, com um tema impactante nas mãos,
deixou elementos do passado abordados em suas novelas, a questão de explorar
sempre uma cultura exótica, o fato da aproximação desses países com o Brasil e
não existir a barreira do limite linguístico, querendo enterrar na cabeça do
seu telespectador noveleiro que todos os lugares a língua portuguesa é falada.
História
rocambolesca poderia muito bem ter funcionado nos anos 60, com outra Glória (a Magadan) que abusava e usava
de situações folhetinescas para criar suas situações de licença poética.
Hoje o telespectador
acompanha sua televisão de olho nas redes sociais, denunciando qualquer “licença”
descreditável do autor, apontando suas falhas no roteiro e nas construções dos
personagens não reais. Essa postura para uma obra que pretendia ser realista é inadmissível
e intolerável para o espectador.
Lembramos o fato
de “Nina” (Avenida Brasil) na posição de perder as fotos impressas que
revelaria o caso dos amantes Max e Carminha, os fans da trama não aceitou o
fato dela não ter um pen-drive ou usar alguma plataforma virtual para salvas
suas fotos, já que vivemos em plena era digital.
Mas, mesmo com todas
as dificuldades de clareza no roteiro, a novela tem um saldo positivo por
propor campanhas sociais como: adoção ilegal, alienação parental e tráfico de
humanos (mulheres, travestis, bebês); ter sido motivadora para conclusão de um
fato ocorrido na Espanha, no mesmo período que a novela estava no ar.
Outros personagens
tornaram grandes destaques: Jéssica (Caroline Dieckman), Donelô (Giovanna
Antonelli), Wanda (Totia Meireles), Lucimar (Dira Paes), policial Jô (Tammy
Gretchen) entre outros. Seriam por mérito dos seus interpretes pela humanização
dos seus personagens nos levando acreditar nas circunstâncias vividas por eles.
O capítulo final,
não teve a seringa vingativa Lívia Marine (Cláudia Raia), mas mostrou um
protesto contra as campanhas de sabotagem evangélicas no início da trama por conta
do título da novela fazer adoração a Ogum, além de fazer apologia à
homossexualidade. "Eu aceitei Jesus", disse a ex-traficante Wanda.
Na época, a Globo
respondeu ao site Vírgula que "a novela não fala de São Jorge, fala do
mito do guerreiro, figura existente em qualquer cultura, religiosa ou não. A
única coisa que aparece de São Jorge é o fato de ele ser o padroeiro da
cavalaria. É por isso que o personagem de Rodrigo Lombardi é devoto dele, pois
pede proteção a cada ação. Com o decorrer da novela no ar isso ficará evidente
para todos os grupos".
E sobre apologia a
homossexualidade, podemos observar que nada foi levando durante toda a trama
com a personagem Jô, ainda mais ter seu interprete Tammy assumida publicamente.
“Todos nós precisamos sonhar. Sonhar faz parte
das necessidades humanas. Se a novela cumpre essa função, já faz o seu papel”,
ela disse uma vez.
Acredito que esses
voos altos e sonhos para nossa realidade não mais cabível, o nosso produto
telenovela se profissionalizou com decorrer das décadas, a televisão acompanhou
a evolução tecnológica e social. Fico triste pelo fato da autora afirmar que
sua obra era vítima do patrulhamento “bonde do recalque”, dito uma colocação
infeliz por parte dela. Os trolls enfrentados por ela durante a concepção da
novela mostrou que precisa urgentemente rever o seu padrão de criar histórias
com tantos personagens que ficaram perdidos e sumiram da trama, a necessidade
de uma equipe de colaboradores (quando possui uma gama grande de personagens
envolvidos no tema abordado) para não perder e deixarem serem engolidos na
história por não representar grande importância.
A novela não foi
um desastre total, porque mesmo com sua dificuldade, furos e roteiro fraco,
ficou evidente nas redes sociais por esses motivos, dando alerta para as próximas
produções ficarem de olho com seu produto ofertado ao telespectador.
E que venha a
próxima novela.
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