quinta-feira, 6 de junho de 2013

Parada Gay em Sampa


Público de 220 mil pessoas ao som de Daniela Mercury


“É vida, vida, que amor brincadeira, à vera
Eles se amaram de qualquer maneira, à vera
Qualquer maneira de amor vale a pena
Qualquer maneira de amor vale amar
Pena, que pena, que coisa bonita, diga
Qual a palavra que nunca foi dita, diga
Qualquer maneira de amor vale aquela
Qualquer maneira de amor vale amar
Qualquer maneira de amor vale a pena
Qualquer maneira de amor valerá...”


O uso dos versos acima para introduzir os leitores na aventura de três meninos pela Avenida Paulista neste domingo de Parada, não é por acaso. E por que dessa canção?! O simples fato de a cantora Daniela Mercury ter se transformado em uma defensora da causa LGBT no país, devido de assumir sua condição homoafetiva pela sua mulher, Malu Versoça, no qual divulgou via @Instagram fotos de sua relação amorosa e feliz. Apesar da chuva fina (típica de outono na cidade) e a temperatura em torno de 16º, afastou a estimativa de cinco milhões de pessoas andando pela avenida símbolo de movimentos grandiosos da Paulicéia Desvairada. E, neste clima carrancudo, tristonho, nublado e frio, questionamos alguns participantes da ideologia dessa festividade no calendário da cidade.

Hoje a Parada Gay, tornou um viés de sucesso para todos. Claro, neste período, os comerciantes da região têm motivos para manter um largo sorriso para a tolerância da Diversidade Sexual, na eficiência do consumo gladiador em bebidinhas e comidinhas por conta dessa grande festa (micareta) neste feriado prolongado. Não estamos sendo hipócritas da abundância presença dos turistas na cidade, porém, o caráter político outrora sonhado nos primórdios desse evento está cada vez mais em segundo plano. No sábado, antecedendo a parada, ocorreu uma manifestação pela mesma avenida que brilha alegria no domingo. A 11ª Caminhada de Lésbicas Bissexuais de São Paulo reuniu cerca de 1.500 pessoas, segundo estimativa dos organizadores e da PM. O grupo saiu do MASP e desceu a Rua Augusta até a praça Roosevelt (região central). Durante a passeata, as mulheres pediram o fim do machismo, da homofobia e a legalização do aborto. Segundo Marcia Balades, integrante da Liga Brasileira de Lésbica, o evento é necessário porque a questão lésbica e bissexual fica em segundo plano na Parada Gay, “falta espaço para falar de outros grupos e nós ficamos invisíveis. Hoje (sábado) é um dia de protagonismo das lésbicas e nossa caminhada é política. A para tem um caráter mais festivo”. A partir da ideia que todo tipo de manifesto é valido para mostrar a gama que atende a diversidade, a quebra da hetero-normatividade, mesmo que a Parada de Orgulho LBGT busca a celebração de uma luta diária e constante na vida social. Uma luta que demanda a aceitação do orgulho de si, no ponto de vista de casar, ter filho, a coragem de demonstrar o afeto em público, na linha de identidade do fazer entender a todos que o amar alguém do mesmo gênero é algo normal e aceitável. Mas, caímos num limbo de questões tão frequentes como: acreditar que a Parada seja vista apenas como uma festa, sem sentido político, algo puramente comercial.

Entretanto, esses eventos servem para inserir a população no contexto igualitário para lutarem pela liberdade de expressão do próprio corpo, ideias, o direito de voz, o direito de escolher sua identidade de gênero diante da sociedade.
Todavia, a importância do manifesto dessa magnitude, alerta para outros pontos essenciais para composição da identidade de um gênero. A irresponsabilidade jovial nos leva a trincheira do crescente no número de casos de AIDS entre gays mais jovens. Gerando a incumbência de termos um olhar mais preciso para essa parcela da população.
Esse índice vinha mantendo uma queda significativa na proporção de casos entre jovens com AIDS, desde os anos 80, no qual se deu o estopim da epidemia do HIV. Apesar de que a maior parte dos casos registrados tratarem dos heterossexuais, há uma tendência no crescimento entre homossexuais jovens. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, indica que do total de casos da doença em 2011 – 27,1% deles ocorreram por meio de relações homossexuais – sendo que no ano de 2007, esse percentual era de 19,3%.
Contudo, temos que agregar políticas de saúde pública que atendem o perfil do jovem homo ou hetero para o combate do aumento das doenças sexualmente transmissíveis, incluir manifestações de grandeza como a Parada LGBT para enraizar o conceito igualitário.
Não podemos fechar os olhos e seguir cantarolando pela Avenida Paulista, “como não houvesse amanhã”, mas salientar a presença massiva de movimentos que buscam a inserção da igualdade dos gêneros para por fim, todos serem aceitos como são.

(EB)
*Colaboração: Arthur Berckovith
Igor Vasconcellos

Nenhum comentário:

Postar um comentário