Público de 220 mil pessoas ao som
de Daniela Mercury
“É vida, vida, que amor brincadeira, à vera
Eles se amaram de qualquer maneira, à vera
Qualquer maneira de amor vale a pena
Qualquer maneira de amor vale amar
Pena, que pena, que coisa bonita, diga
Qual a palavra que nunca foi dita, diga
Qualquer maneira de amor vale aquela
Qualquer maneira de amor vale amar
Qualquer maneira de amor vale a pena
Qualquer maneira de amor valerá...”
“É vida, vida, que amor brincadeira, à vera
Eles se amaram de qualquer maneira, à vera
Qualquer maneira de amor vale a pena
Qualquer maneira de amor vale amar
Pena, que pena, que coisa bonita, diga
Qual a palavra que nunca foi dita, diga
Qualquer maneira de amor vale aquela
Qualquer maneira de amor vale amar
Qualquer maneira de amor vale a pena
Qualquer maneira de amor valerá...”
O uso dos versos
acima para introduzir os leitores na aventura de três meninos pela Avenida
Paulista neste domingo de Parada, não é por acaso. E por que dessa canção?! O
simples fato de a cantora Daniela Mercury
ter se transformado em uma defensora da causa LGBT no país, devido de assumir sua condição homoafetiva pela sua
mulher, Malu Versoça, no qual divulgou via @Instagram fotos de sua relação
amorosa e feliz. Apesar da chuva
fina (típica de outono na cidade) e a temperatura em torno de 16º, afastou a
estimativa de cinco milhões de pessoas andando pela avenida símbolo de
movimentos grandiosos da Paulicéia
Desvairada. E, neste clima carrancudo, tristonho, nublado e frio,
questionamos alguns participantes da ideologia dessa festividade no calendário
da cidade.
Hoje a Parada Gay,
tornou um viés de sucesso para todos. Claro, neste período, os comerciantes da
região têm motivos para manter um largo sorriso para a tolerância da
Diversidade Sexual, na eficiência do consumo gladiador em bebidinhas e
comidinhas por conta dessa grande festa (micareta) neste feriado prolongado.
Não estamos sendo hipócritas da abundância presença dos turistas na cidade,
porém, o caráter político outrora sonhado nos primórdios desse evento está cada
vez mais em segundo plano. No sábado, antecedendo
a parada, ocorreu uma manifestação pela mesma avenida que brilha alegria no
domingo. A 11ª Caminhada de Lésbicas Bissexuais de São Paulo reuniu cerca de
1.500 pessoas, segundo estimativa dos organizadores e da PM. O grupo saiu do
MASP e desceu a Rua Augusta até a praça Roosevelt (região central). Durante a
passeata, as mulheres pediram o fim do machismo, da homofobia e a legalização
do aborto. Segundo Marcia Balades, integrante da Liga Brasileira de Lésbica, o
evento é necessário porque a questão lésbica e bissexual fica em segundo plano
na Parada Gay, “falta espaço para falar de outros grupos e nós ficamos
invisíveis. Hoje (sábado) é um dia de protagonismo das lésbicas e nossa
caminhada é política. A para tem um caráter mais festivo”. A partir da ideia
que todo tipo de manifesto é valido para mostrar a gama que atende a
diversidade, a quebra da hetero-normatividade, mesmo que a Parada de Orgulho
LBGT busca a celebração de uma luta diária e constante na vida social. Uma luta
que demanda a aceitação do orgulho de si, no ponto de vista de casar, ter
filho, a coragem de demonstrar o afeto em público, na linha de identidade do
fazer entender a todos que o amar alguém do mesmo gênero é algo normal e
aceitável. Mas, caímos num limbo de questões tão frequentes como: acreditar que
a Parada seja vista apenas como uma festa, sem sentido político, algo puramente
comercial.
Entretanto, esses
eventos servem para inserir a população no contexto igualitário para lutarem
pela liberdade de expressão do próprio corpo, ideias, o direito de voz, o
direito de escolher sua identidade de gênero diante da sociedade.
Todavia, a
importância do manifesto dessa magnitude, alerta para outros pontos essenciais
para composição da identidade de um gênero. A irresponsabilidade jovial nos
leva a trincheira do crescente no número de casos de AIDS entre gays mais
jovens. Gerando a incumbência de termos um olhar mais preciso para essa parcela
da população.
Esse índice vinha
mantendo uma queda significativa na proporção de casos entre jovens com AIDS,
desde os anos 80, no qual se deu o estopim da epidemia do HIV. Apesar de que a
maior parte dos casos registrados tratarem dos heterossexuais, há uma tendência
no crescimento entre homossexuais jovens. Segundo a Secretaria de Estado da
Saúde, indica que do total de casos da doença em 2011 – 27,1% deles ocorreram
por meio de relações homossexuais – sendo que no ano de 2007, esse percentual
era de 19,3%.
Contudo, temos que
agregar políticas de saúde pública que atendem o perfil do jovem homo ou hetero
para o combate do aumento das doenças sexualmente transmissíveis, incluir
manifestações de grandeza como a Parada LGBT para enraizar o conceito
igualitário.
Não podemos fechar
os olhos e seguir cantarolando pela Avenida Paulista, “como não houvesse amanhã”,
mas salientar a presença massiva de movimentos que buscam a inserção da
igualdade dos gêneros para por fim, todos serem aceitos como são.
(EB)
*Colaboração: Arthur Berckovith
Igor Vasconcellos
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