A
liberdade sexual no final do século XX
Gente, nem estou
acreditando, mas há 15 anos a revolução sexual feminina ganhou mais um
capítulo, ou melhor, mais uma “pimenta” no topo do bolo, digamos uma “pimentinha”
resume nossa ópera. O universo masculino teve suas estruturas abaladas, a
inserção em uma nova realidade, a beira da chegada de novo milênio e século (tudo
colado no outro), estremeceu as colunas desse templo tão fechado masculino, e,
qual era essa descoberta mais valiosa?! Vamos revelar a seguir...
Eles notaram que as
mulheres falam tão quão frequentes a eles sobre o desejo sexual, com a inteligência
e malícia cor-de-rosa, usando uma elegância e charmosa pincelada com a estreia
da série “Sex and the City”. A revolução do conteúdo de linguagem “porn-soft”
para um público que carece desse tipo de entretenimento, visto a popularização
dos “50 Tons de Cinza” e Cia. Falar sobre sexo na televisão, comunicar com seu
telespectador sem cair no clichê, mesmo após nove anos de exibição do último
episódio, continua sendo o programa influente e referencial para muitos.
O quarteto mágico
liderado por “Carrie” era composto pelas estonteantes “Samantha”, “Charlotte” e
“Miranda”, e a maior diferença percebidas pelos homens, os pensamentos sexuais
não estavam mais presos a eles. As mulheres começaram a falar abertamente com
as amigas sobre sexo, tamanho, preliminares, nos encontros com ‘azamigas’;
aquele conservadorismo ficou nos tempos de outrora.
Uma frase de efeito e
sem pudor dita por essas meninas fantásticas, algo como: “diga a um homem que o
odeia e terá o melhor sexo de sua vida”, isso tornou um mantra natural para
mulheres que buscam, sim, a satisfação sexual sem hipocrisia.
Porém, o que faz citar
essas meninas?!
Em um momento que
estamos inserindo o conceito de igualdade a todos os gêneros, elas provam que o
caminho tem que ser naturalista para as conquistas. O mundo mudou desde o
primeiro episódio apresentado, naquele dia 7 de junho de 1998. Entretanto,
fixou nossos olhos diante a tevê, assistimos o desenrolar de cada aventura
vivida pelas protagonistas, conhecendo uma nova verdade adormecida.
Isso não supera o tabu
sexual iminente na cultura e identidade de cada individuo, somados as seis
temporadas com os dois filmes, mais um “spin off” (“Os Diários de Carrie”) e
uma versão mais ‘suja’ (digo real “Girls”), a série vive no imaginário coletivo
do espectador que volta e meia consulta suas temporadas bíblicos contemporâneo,
seguindo o novo evangelho feminino.
"Bem-vinda à era
da perda da inocência, ninguém toma café com diamantes e ninguém vive romances
inesquecíveis... Na verdade, tomamos café às 7h da manhã e temos confusões que
procuramos esquecer o mais rápido possível", era a declaração de intenções
de Carrie Bradshaw, a protagonista.
A “Big Apple” bebeu da
fonte o feitiço encantador das imagens soft que brindava o seu glamour e
modernidade, arrebatando os olhares com base fortificada nos personagens de
Candace Bushnell.
Hoje o turismo de Nova
York seguem roteiros baseados nas andanças de Carrie e sua trupe por lojas,
bares, restaurantes e edifícios simbólicos, deixando de lado o “cool” cultivado
por Woody Allen.
Sem esquecer-se de
Sarah Jéssica Parker, resgatada do limbo das atrizes coadjuvante, reinando
absoluta como ícone da moda. Sua primeira conquista no Globo de Ouro (no total
foram quatro) em 2000, um breve agradecimento: "Obrigado. Nunca tinha
ganhado nada em minha vida". Sarah seguia uma cartilha pessoal avessa da
sua Carrie, casada, mãe; ditava o tom para seu retorno ao lar.
"Me visto como
todas as mães. Muito rápido", disse Sarah certa vez, quando também
refletiu: "Tenho a sensação que as pessoas se decepcionam comigo porque
não tenho respostas para eles. Tenho que recordar-lhes que não tenho um
doutorado em sexologia".
Todavia, além das
quatro mulheres incríveis, definimos mais um elemento fundamental, os sapatos
do Manolo Blahnik, o grande desejo (depois dos homens, ou antes?!) de Carrie. E
o bom drink que divertia ela e suas amigas nos encontros: “Cosmopolitan”,
soltavam a sua língua afiada e a Kim Catrall (voraz dos homens), Kristin Davis
(a boba ingênua) e Cynthia Nixon (a feminista neurótica), popularizando a bebidinha
entre as mulheres.
Quatro personalidades
distintas, um elo de proporções absurdas entre elas, davam as cores da coluna
escrita pela própria Carrie, criando uma estratégia na colisão: Sexo e Amor, na
precisão da frivolidade inteligente, dosada com sabedoria isentam a qualquer
solenidade.
O triste, no final, é
sua extensão ao cinema não fiel ao espírito desse frescor vivido nos tempos do
seriado. O foco do olhar na relação entre Carrie e “Mr. (sexy) Big”,
interpretado por Chris Noth, descontentou alguns fans convictos da liberdade
proposta nos seis anos da série.
Num desfecho morno,
quase indigno, sem a genialidade da personagem principal tanto assoberbou: “os
computadores quebram e as relações terminam. O melhor que podemos fazer é
reiniciar e respirar".
(EB)
*Colaboração:
Arthur Berckovitch
Fonte:
UOL
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