Celebrando 25 anos, álbum marca o início de uma era para a Rainha do Pop
Parafraseando JD
Considine, crítico da revista Rolling Stone US, damos uma olhada para trás e
percebemos a languidez e sagacidade da própria Madonna com toda sua
teatralidade que a fez a Rainha do Pop. Ouvindo o Long Play (sim, tenho o
formato bolachão para deixar isso ainda mais nostálgico), o quarto disco de
estúdio de Madge possui em sua essencial musical todas as notas de tons provocativos
do dance-pop com o lirismo e estilo peculiar-sexy appeal da jovem dominatrix
que existia em suas entranhas.

Nesse trabalho
fica explicito a dedicatória a sua figura materna, pois quando menina a vida
tirou para ficar ao lado de “Deus” tão citado em sua arte no decorrer de seus
30 anos de carreira.
Madonna era a
maior imagem feminina do planeta, ainda mais pela fama construída até aquele
momento, ficava evidente a faceta de dor e insegurança que poucos tiveram a
chance de ver e sentir, sendo à sombra de seu divórcio aos 30 anos uma das
regras desse sucesso em hits.
Durante todo o
processo de gravação, o álbum foi “amparado” pelo fim de seu casamento com o
astro bad boy dos anos 80, Sean Penn, tendo como base elementos ecléticos e
sensações de pop-açúcar-em-pó, soul e funk, fugindo totalmente da temática
anterior que utilizava da mistura do clássico rock psicodélico com sons
synth-pop então vigente naquele período.
O mais
interessante desse disco é sua alma manter liricamente inalterada, mesmo que
para alguns o álbum (ab)usava de ingredientes fundamentais para construção do
mito Madonna. Mas, a estrutura de composição recorta traços do instinto de
crescer, passando por um mal romance, e a urgência do encontro com a família e
o forte elo com Deus, chamando a atenção a forte presença religiosa imposta à
sua educação, como pode ser visto já na faixa-título.
Como já citamos,
em linhas gerais, as letras figuram temas de tempos longínquos como a infância e
adolescência, a morte de sua mãe em “Promise to Try”, a importância da família
em “Keep It Together” e a relação intensa com o pai retratada na faixa “Oh
Father”. Além é claro do mega hit “Express Yourself” que prega emponderamento feminino.
Like A Prayer
rendeu seis singles: A faixa-título do álbum, “Express Yourself”, “Cherish”, “Oh
Father”, “Dear Jessie” e “Keep It Together”, a seguir vamos desvendar cada um:
“Like A Prayer”: A
faixa-título revela um dos melhores momentos de Madonna. O clipe faz referência
a um assassinato, violência, amor inter-racial e cruzes pegando fogo. As noções
de êxtase religioso e sexual criaram intrigas pensativas do público ao
assistirem o vídeo, colocando na “boca do povo”. A música abre o álbum de
maneira arrebatadora com altas dosagens de guitarras nervosas e uma batida
pesada distorcida, acrescentando a “liquidificação” do pop-gospel tão
enigmático e revigorante. A controvérsia pela marca de refrigerante Pepsi (que
traçava um elo entre a imagem infantil e adulta da cantora em sincronia). O acordo
prévia uma parceria milionária com a mulher mais influente da década para sua
próxima turnê “Like A Prayer Tour”, que mais tarde ganhou um novo título “Blond
Ambition Tour”, percorrendo o mundo com toda a sexualidade eminente de Madonna.
A manifestação religiosa contrária à imagem do santo negro (uma eternização de
Jesus Cristo) tocando os lábios da cantora, os estigmata presente após tocar em
uma faca, foi o estopim para um boicote para a marca cancelar a exibição do
comercial e o patrocínio para a turnê.
“Express Yourself”:
Dito como o clipe mais caro de sua época. Madge recria a sua própria torre de
babel, transformando a igreja explorada no vídeo anterior na excelência de um
elegante arranha-céus, no qual observa suas joias e lençóis de cetim. É o grito
do liberalismo do neofeminismo sofisticado, mas mesmo, ela busca um home que
está conectado a seus sentimentos, exortando as mulheres para nunca serem “segunda
opção” na vida.
“Cherish”: É uma
canção calma e inocente, porém bem feita. O clipe em P&B deixa em evidência
esse clima peculiar da cantora. Ainda mais, soando como um alívio pós “Promise
To Try” (uma música embalada ao piano relatando em seus versos a complexa perda
de sua mãe), sendo bem funcional para o álbum que abre seu “Side Two” no LP com
alegria e frescor, brincando com a confecção pop para o amor verdadeiro.
“Oh Father”: A essência
dessa música pisa em campos dramáticos, mas não deixa de ser um dos clipes mais
bonitos desse álbum. Madonna aborda sua convivência com o pai após a morte da
mãe. E o sentimento de traição provocado pelo seu progenitor quando casou
novamente.
“Dear Jessie”: O
clima brincalhão fantástico psych-pop é a base para a criação desse clipe. Todo
realizado com animação, possuindo um toque genuíno que lembra um clássico
infantil, as deliciosas canções de ninar. Além de prestar uma singela homenagem
à filha do seu colaborador Patrick Leonard, a “Querida Jessie”.
“Keep It Together”:
É o seu primeiro flerte com as tangências dos sons R&B (algo que tomaria
forma no disco “Bedtime Stories”). A letra fala dos prazeres e da força da convivência
em família, sendo importante para o individuo esse tipo de contato na vida.
*No Brasil saiu
mais um single, “Spanish Eyes”:
A canção 'Spanish
Eyes' é aquela música que invade nosso imaginário de pensamentos mais secretos.
Uma balada bem produzida com arranjos de ritmos espanhóis, tendo um trecho que
é cantada na língua latina por um sedutor vocal masculino. A letra composta tem
como seu fio condutor a um feixe de memória, saudade e solidão. Podemos notar
doses de uma ausência do amado - os olhos espanhóis - e expressa por meio de
simbologia religiosa, reforçando o sentido de devoção e jogo ausente-presente,
uma evidência bem peculiar na alusão aos sentidos da visão e da audição - já
que ele não pode ver, porém poderá ouvi-la. Algumas imagens inseridas, as
criações de várias vertentes de Madonna, são icônicas, a proximidade das gotas
de vela e as lágrimas no travesseiro tão o toque da delicadeza presente na
canção, e na voz doce explicita pela artista. Uma reflexão metafísica sobre o
amor carnal é parificado com a preocupação transcendente da natureza de Deus e
dos santos, seguindo o imaginário da artista que a consagrou. Sinto por essa
música não ter ganhando um clipe.
*Também quero
destacar mais três faixas:
A ‘Promise to Try’
é a melancolia onipresente do álbum, algo destoante e paradoxal das outras
músicas desde disco. Enquanto isso, a faixa ‘Till Death Do Us Part’ narra em
terceira pessoa sua dolorida separação. Além da sobra “Supernatural”, que conta
a história de mulher que mantém um caso com um fantasma. Realmente, algo “sobrenatural”.
"Promise to Try":
“Till Death Do Us Part”:
"Supernatural":
Dá o play e deleite-se com esse épico!!
Fonte: Billboard
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