quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Gaga para 50 mil littles monster's - Uma opera-pop para animar uma tarde chuvosa na Paulicéia Desvairada

Lady Gaga desembarca na segunda cidade que abrigou sua "Born This Way" no Brasil
Em meio a um turbilhão de eventos grandiosos na cidade e a cartela variável de opções, chegamos a ficar em dúvida nas prioridades do que vamos conferir de certo. Quando tive a missão de realizar as coberturas de dois shows no mesmo dia, me senti num mato realmente sem o cachorro, e saber escolher a melhor foi muito difícil e complicado. Ainda bem que posso contar com amigos para auxiliar em descrever as reais sensações de fazer presente num espetáculo colossal.
Dia 11 de novembro Gaga's desembarcou sua opera-pop-show em terras paulistas, sua "Born This Way Ball" deixa cair sua cortina, fica aparente seu castelo no melhor estilo Grayskull, permitindo nascer a viagem fantástica da "alien" fugitiva, enfim, uma missão, um perigo eminente estava a solta pelo universo paralelo de Gaganás*. Mas, antes disso tudo acontecer por completo, sempre coloquial nas grandes apresentações, não poderá deixar de acontecer, a abertura digna da banda inglesa The Darkness. Aquela do sucesso midiático com a harmoniosa canção "I Believe in Thing Called Love". Apesar de ser uma apresentação curta, coesa, divertida e direta, soou com satisfatória como toda banda de abertura tem que ser.
Assim, consigo seguir dentro do roteiro de diversões de um domingo que ficará na minha história recente.
Como iniciamos, as cortinas começaram seus balanceios por volta das 21hs no estádio do Morumbi (apesar de ser São-Paulino-creio que o "Morumba" tem que ser numa grande casa de show, apenas), o castelo dos pesadelos e amores de Lady era visto como uma grande caixa de presente recheado do melhor que podemos querer e desejar encontrar, o beat acelerou os acordes do som grandioso que estava para iniciar o recital. As 50 mil pessoas presentes daquela ânsia em desvendar todos os detalhes das novas aventuras da Mother Monster conta com uma entra triunfal, tipica de uma gagaísta*. Imponente com seu indiscutível unicórnio negro e precedida pela sua entourage  de bailarinos soldados armados como num desfile militar. A introdutiva e sugestiva "Highway Unicorn" soa como uma dica do que vamos "enfrentar", no lado direto do palco vimos uma imagem em holograma (igual do clipe que dá nome a opera), conceito de uma bruxa má, acabará de sair de um conto de fadas, no melhor estilo Branca de Neve, usando o pseudo: "Mother G.O.A.T." (algo no termo: 'mamãe Bode', mas cuja as iniciais da sigla diz: "Government Owned Alien Territory", território alienígena de propriedade do governo), avisando com a própria voz de Gaga, a fugitiva estava circulando a solta pelas imediações. E, sendo de maneira criteriosa ordenado o início da operação - "Kill the bitch".
Com trajes que lembram vestuários de um astronauta extraterrestre, a cantora surge ao som dos vocais de "Government Hoocker", o esquete dessa parte sugere: Gaga seduz um guarda muito bem trajado de smoking, caindo de boca em suas partes íntimas, divertindo-a na maior parte do tempo e no final do ato é fatalmente executado sem dó pela meliante fugitiva. Esse não será o único que sofrerá com a fúria dessa alien, em outra ação fatal ocorre mais uma exclusão durante a execução de "`Pocker Face".
O show conta com a forte presença dos discursos em prol de causas e bandeiras levantadas pela própria contra a intolerância, favor da igualidade de todos os gêneros e afins. Gaga acaba por engessar parte do seu espetáculo por usar desses discursos (muitos decorados) para também agradecer e enaltecer seus lindos monstrinhos pela oportunidade de estar com eles num estádio em apenas 4 anos de carreira. Esses momentos detém atrapalhar toda cena pop operística orquestrada por Lady Gaga.
Um ponto legal do início do show, é o nascer de Lady diante de seu público saindo de uma grande vagina inflável entoando o hino de discórdia "Born This Way" de maneira bombástica, tal visão figura nos "trent topics" pop pela concepção forte e envolvente como tudo que gira o nome Gaga.
Mas, como nem tudo é flores, apontamos também um momento de ociosidade nas aventuras de Germanotta, suas coreografias não demonstra ser satisfatória e bem fracas, sendo simplória na coordenação de seu corpo de baile, ficando no limbo dos críticos. Um detalhe também, o ar de confusão na "historinha" do show, quando Gaga nascerá novamente de um ovo, sugere algo similar no que
visto anteriormente - relação vagina e ovo - uma lacuna aberta.
O questionar de alguns críticos pela falta de criatividade em dados momentos, ou seria uma guerra de egos por conta de tantas estrelas da música pop disputando um mesmo espaço exaustivamente?!
Rixa a parte, temos que salientar que chama muito atenção os figurinos apresentados no palco - bonitos, ousados, provocativos e contém a assinatura de um italiano Giorgi Armani. E os sutiãs cones (item que nos traz a lembrança uma outra loura).
Esse universo paralelo proposto por Gaga esbarra rente ao bizarro e no caminho estranho de ser, mesmo que esteja tudo muito bem embrulhado num lindo papel de seda presente da cultura pop. Suas esquisitices não só prevalece no show, jamais conseguirá ter mais atuação dos que os hits dançantes ou mesmo, a voz incrivelmente perfeita de Gaga. E a banda? Ápice do espetáculo, podemos acompanhar a desenvoltura dos soldados de Lady na execução das canções - aliando sua voz de tirar o chapéu, cordas vocais reais e excelência nas músicas mais essenciais apresentadas - as presenças das guitarras ( um capítulo a parte) e os viras da bateria, faz desta opera algo fantástico.
Algo que me tocou nesse frenesi de emoções, sua interpretação para "You and I", tão doce e suave como uma calmaria após a tempestade, contrasta com toda levada country presente na música, a forte inspiração a "Shania Twain", ganha um peso maior ao vivo. É, na minha singela opinião, uma das melhores atuações de Gaga durante a tour "Ball" e imperdível.
Chegando ao fim da viagem das tormentas de Lady, fica claro do seu potencial como artista que instiga seu raciocínio pensante, suas representações para um público médio atendido por ela, seus discursos zero sutileza e suas mensagens libertárias.
Gaga por menores, deixa uma lacuna em sua passagem pelo Brasil, dúvidas relevantes pela amarga baixa de vendagens de seus ingressos e as promoções realizadas pelas empresas patrocinadoras de suas três apresentações no país. Virando piadas nas redes sociais.
Não bastou sua popularidade entre o séquito fans conquistados em quatro anos de carreira - via youtube e real. Os motivos para o não arrecadamento não estão bem claros, mas uma pequena lista que circula aponta a enxurrada de shows internacionais, ingressos de preços altos, o forte apelo dos fans serem adolescentes e a disposição dos pais desembolsar grana para um evento deste porte.
Mas, abrindo o olhar para o tamanho que a turnê tem (será um total de 113 apresentações até março 2013) e locais que Gaga passou com um público bem menor, não são avaliador para dizer que a passagem da deusa monstro pelo Brasil tenha sido um mico.
Alguns críticos (chatos talvez) questiona essa morna passagem pela América Latina, a qualidade duvidosa de seu segundo trabalho de estúdio, fugindo da produção eficiente do grande sucesso antecessor.
"The Fame" reuniu os primeiros pódios dos hit's e sua edição turbinada lançada posteriormente - "The Fame Monster" contou com a singela colaboração da diva Beyoncé.
"Born This Way" nem de longe chegou próximo do visceral do seu "pai", mas também não fez veio, apesar de constar faixa rasteira e padrão pouco substancial. Outros levantam o pouco tempo que ela teve para dedicar nas composições das músicas. Diferentemente do que ocorreu com "The Fame", havia um rico material vasto para ser utilizado no "mainstream" das gravações.
Entretanto, o fator da estética exagerada abafa a imagem que não há nada sólido por trás da máscara. Suas operas é orquestrada de maneira difusa, diferente de Madonna que faz a linha troca de figurino e cenário num roteiro de conceito a 30 anos. Nem os monstrinhos gagaístas* conseguem definir a estética de sua deusa-monstra-mãe.
Gaga bebe muito da fonte pós-moderninha liberal, investe pesado no seu visual pela diversidade de temas e estilos, diluídos num festival de fogos de artifícios.
Essa carga de exagerado gagaístas soa interessante para o mercado, a simplicidade de revelar a monstruosidade por trás de todo estímulo impregnado para ser perverso de necessidade a mudança, gerando um vício de ousadia falsamente existente nessa ótica de trabalho na cultura pop. Caindo no ostracismo que nada realmente novo surgiu em tempos na música, televisão, cinema, teatro ou literatura.
Aí, voltamos na busca da sua exuberância de um discurso politicamente correto para atender uma parcela especificada da audiência, usando massivamente de assuntos que prendem seu espetáculo tão bárbaro aos olhos que deixo um conselho: "Gaga, don´t preach".
Kisses U ^^


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