Cerimônia
tem Gisele, ritmos brasileiros e festa aos refugiados
cravam o evento no melhor
tupiniquim
O dia 05 de agosto de 2016, ganha um
significado tão emblemático ao Brasil,
não apenas por marcar a perda da maior estrela que levou a brasilidade tropical
ao mundo, Carmen Miranda, mas por
representar o início dos Jogos Olímpicos
(a primeira no solo sul-americano e a segunda no hemisfério sul) com o melhor
que nosso povo tem a oferecer: o riso fácil estampado no rosto.
A cerimônia seguiu o olhar para a
preservação ao meio ambiente, apresentando uma paleta musical brasileira de
sons típicos e abraçou os atletas refugiados presente sob a bandeira olímpica
no evento. Enquanto, o público foi ao delírio, com a delegação do país-sede
entrando para o desfile com seus atletas.
Todavia, Fernando Meirelles, Andrucha
Waddington e Daniela Thomas, o
trio de ouro da concepção da abertura, havia revelado que o ‘jeitinho brasileiro’ e a ‘gambiarra’ seriam os elementos fundamentais
para a criação do espetáculo. Utilizando a máquina ‘homem’ no desenvolvimento de todo o conteúdo apresentado na festa,
sem interferência de tecnologia em exagero na abertura.
Discurso
Verde
A festa quebrou os protocolos oficiais e
tradicionais presente na cerimônia Olímpica,
o trio (ab)usou da diversidade para mostrar que ‘o país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza’ de Jorge Bem Jor, entoado à capela pelo
público no Maracanã lotado, tendo a
própria natureza como sua menina dos olhos, ressaltando o celebrar as
diferenças e atentar sobre o aquecimento global, o espírito verde e ‘buscar a nossa semelhança’ como bem
definiu a atriz Regina Casé em seu
discurso. E seguindo esse olhar verde, na parte final da mensagem, ficou com a
figura do menino que entrou no palco e colheu uma planta no meio do asfalto. Neste
momento, o poema “A Flor e a Náusea”,
de Carlos Drummond de Andrade,
emoldurou a preservação nas vozes das atrizes Fernanda Montenegro e Judi
Dench no misto do português e inglês.
Nossas
Origens Abraçando o Mundo
O evento buscou o não didatismo sobre o
surgimento desse país, apresentando de maneira singular o nascer nas florestas
tropicais, a vivência indígena até a chegada do ‘homem branco’, além dos diversos povos que compõe a miscigenação
tupiniquim, sem esquecer, a escravidão presente no Brasil até 1888.
Apontando ao norte a influência oriental, principalmente
a japonesa que será o berço para a próxima Olímpiada,
na cidade de Tóquio, em 2020, foi representado durante a abertura no
desenvolvimento das grandes metrópoles com diversos prédios feitos de caixas
erguidos no estádio e a presença do movimento “parkour” escalando e desmontando a parede recém-criada. Mas logo no início, dançarinos seguraram
papéis pratas realizando uma homenagem aos desenhos de Athos Bulcão em clara referência ao Jardim de Burle Marx e o aparecimento da biodiversidade no País.
#SomosTodosBrasil
No meio do Maracanã, surge 14 Bis, aeronave criado por Santos Dummont, ganhou uma projeção
incrível simulando um voo panorâmico percorrendo a cidade do Rio de Janeiro.
Entretanto, o estádio olímpico teve o
último desfile da nossa ‘übermodel’ Gisele Bündchen, ao som de “Garota (mais famosa) de Ipanema”, interpretado por Daniel Jobim, neto do músico Tom Jobim. Percorrendo o palco, ‘Gisele’ deixou seu rastro em curvas por
onde passava, criando uma analogia com as linhas arquitetônica das obras de Oscar Niemeyer.
Empoderamento
Feminino
As atrações musicais ganharam a força
feminina com os shows da diva Elza
Soares com o “Canto de Ossanha”,
a funkeira Ludmilla entoando o rap “Eu Só Quero É Ser Feliz”. Enquanto Carol Conka e a jovem Mc Soffia representaram o “empoderamento da mulher”.
Todos
os Ritmos
O trio de ouro buscou mostrar todos os
ritmos brasileiros, nomes como Zeca Pagodinho
e Marcelo D2 levantaram a plateia com
“Deixa A Vida Me Levar”, mas antes, Luiz Melodia abriu a festa cantando “Aquele Abraço”, de Gilberto Gil, exibindo no telão clipe de imagens da cidade
maravilhosa e Paulinho da Viola
esbanjou emoção ao dedilhar o hino nacional brasileiro.
Após a execução do hino olímpico e
juramento de Robert Scheidt, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Anitta
dividiram o palco para cantarem “Isso
Aqui É O Que É” e “Sandália de Prata”.
E não poderia ficar de fora as baterias de algumas escolas de samba do Rio de Janeiro pintando um pouco do
nosso carnaval.
Momento
Político Br
Apesar da quebra de protocolo no início da
cerimônia por não citar o nome do presidente interino Michel Temer ao lado de Thomas
Bach, presidente do COI (Comitê
Olímpico Internacional), Temer ouviu
as vaias do público quando declarou oficialmente a abertura dos Jogos Olímpicos. Porém, antes da
declaração, Carlos Arthur Nuzman,
presidente do COB (Comitê Olímpico
Brasileiro) disse: “Sou o homem mais
orgulhoso do mundo. Tenho muito orgulho da minha cidade e do meu país”, e
completou: "O Rio está pronto para
fazer história".
Pira
Olímpica
Com revezamento dentro do estádio,
iniciado pelo ex-tenista Gustavo Kuerten,
passando pela eterna rainha do basquete Hortência.
Vanderlei Cordeiro de Lima acendeu
uma pequena pira olímpica, ainda na leitura do discurso verde em apoio à
redução de gases poluentes.
Quebrando
Ritos Tradicionais
Podemos afirmar que a cerimônia Rio 2016 ficará marcada pela quebra dos
ritos tradicionais envolvendo a abertura dos Jogos.
A pira acesa no Maracanã não será a principal do evento, logo após o final da
abertura, a chama foi levada para a Candelária,
no centro do Rio de Janeiro, onde se
encontra a pira oficial – acesa pelo jovem praticando do atletismo, Jorge Gomes, de 14 anos – aproximando a
ideologia olímpica de unificar os povos para todos os visitantes e morados da
cidade possa ver a chama de perto.
O desfile das delegações ocorreu de
maneira diferente, os membros de cada país caminharam pelo centro do gramado do
estádio, sem dar a volta olímpica como acontece nas aberturas.
Ao som de “Aquarela do Brasil”, nossa delegação foi recebida com euforia e
teve a modelo Lea T no triciclo à
frente dos atletas – sendo a primeira transexual a ter um papel de destaque em
uma abertura dos Jogos. Vale lembrar, ‘Lea’
não é a única, pois o COI revelou a
participação de duas atletas trans, mas mantém em sigilo suas identidades.
Na sequência, mas um momento desconstruído:
os arcos olímpicos (grandes símbolos da Olimpíada)
representado em verde criando um elo com a ação realizada na entrada no Maracanã, no qual os atletas receberam
uma semente que irá formar uma floresta no complexo Deodoro, nascendo mudas dos arcos. Exibindo os tons de verde, invés
das cinco cores dos arcos, numa referência ao reflorestamento. “O verde deve assumir todos os cinco
continentes”.
Delegações
A passagem das delegações é um capítulo à
parte, ovacionada a equipe refugiados, presente no evento pela primeira vez. Entre
os demais países: Itália, Alemanha, Israel e México
arrancaram aplausos do público. Já a Argentina,
tradicional rival brasileiro, houve um misto de palmas e leves vaias.
*Em linhas gerais, mostramos ao mundo a excelência
de uma festa bem produzida, celebrando a tolerância e pedindo a preservação da
natureza. Mesmo sem a luxúria e exuberância dos eventos anteriores, mas
imprimimos nossa criatividade, a mistura de povos, da arte e da biodiversidade
brasileira, abrindo o leque para o desejo de “paz com a mãe Terra” e saber
respeitar/aceitar a diferença das pessoas, unificando em um só povo.
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