domingo, 14 de agosto de 2016

Back to Basics: o clímax da sofisticação musical pop

Xtina expõe sua voz milimetricamente trabalhada em letras 
intensas, autobiográficas num misto de redenção, 
pecado, agradecimento, amor e ódio



Definido como "um retrocesso para os anos 20, 30 e 40, nos estilos de jazzblues, e soul, mas com um toque moderno" pela própria cantora, fazemos uma viagem musical ao universo do soul, jazz e R&B, homenageando os grandes nomes do cenário, além de acrescentar um tempero atual para a diva clássica que surge após despir-se para o mundo em 2002.
Para seguir esse caminho retrô, Aguilera contou com um time de produtores como Linda Perry (parceira desde “Stripped”), o DJ Premier, Rich Harrison, Kwamé e Mark Ronson; contribuindo para ideias pinçadas de experiências vivenciadas pela Christina, apontando todo o caminho musical que nasceu a partir da admiração de nomes como Etta James e Billie Holiday, divas souls presentes na vida da cantora desde a infância.

Conceito retrô
A linguagem visual aponta toda a proposta do álbum, Aguilera desejava um mergulho pelos sons dos anos 20, 30 e 40 com “Back to Basics”. Todavia, a imagem busca nesse orbe o clima para a arte do álbum, citando lendários nomes como: Bette Davis, Marlene Dietrich, Marilyn Monroe, Carole Lombard, Judy Garland, Greta Garbo, Veronica Lake para definir suas inspirações para compor a figura de ícone para seu alter-ego “Baby Jane”. Coube a fotografa alemã Ellen von Unwerth transpor toda representação do início do século XX nas imagens que compõe o encarte do disco e o material que fará parte da divulgação do mesmo. Criando assim, todo o clima moderno de um clube burlesco dos anos 20, apostando numa vibe de clube antigo com blues e jazz.

Crítica
É drástica positivamente a mudança visual e musical na carreira de Christina, com “Back to Basics” os tons são amplamente notáveis pela composição de “Baby Jane”, fazendo uma ponte de ligação com todo o clima soul/jazz e a temática das décadas de 20, 30 e 40. Desse modo, o disco teve uma das melhores recepções da crítica pop, fazendo de Xtina aclamada com o álbum “obra-prima”, uma declaração artística, repleto de temas vintages na sonoridade, a moda dos anos 50 e 60 explorada, além dos elementos circenses, cabaré e muita sensualidade.
O “The Observer” apontou que “este [disco] é um prato robusto, com clock de 22 música, 90 minutos e contando que um disco pretende ser uma homenagem a música dos anos 20, 30, 40 e 50, tendo uma diva audaciosa”.

Legado
Podemos definir como glamour a palavra chave para essa etapa bem-sucedida da carreira da cantora, alimentando uma imagem forte, tornando um símbolo sexual, ícone de beleza e moda. Liricamente, quando iniciou o processo de desenvolvimento do disco, Aguilera incorporou fundamentos pessoais de sua vida nas composições. O primeiro disco é um regresso aos anos 20, 30 e 40, ambientado com blues e jazz, sem esquecer do toque moderno com as batidas orientadas pelo produtor DJ Premier. Podemos afirmar que ele cumpre o papel de manter o tradicional pop da discografia da voz da geração e ditar as tendências atuais. Concentra-se na primeira parte momentos dançantes como nas faixas “Slow Down Baby”, “Ain't no Other Man”, “Here to Stay” e “Back in the Day”. Outrora momentos mais virginais, como em “Understand” e “Oh Mother” (por sinal, a faixa é dedicada a mãe da cantora pela fase abusiva e infernal que passou com o marido). O disco vira no ponto alto quando encontra a fusão entre o clássico e o moderno (numa sintonia perfeita) com encaixe da gospel-secular “Make Me Wanna Pray” e a jazz/romântica “Fuss”.
Enquanto o segundo mantém a autenticidade, aderindo a uma verdade crua, com toques de soul, sendo as músicas um registro vivo de todos, um mergulho de fato nas raízes musicais que pretende o título do álbum. Saindo totalmente da casinha ‘mainstream’, a compositora Linda Perry eleva a qualidade das canções a um nível absurdamente indiscutíveis.  A introspectividade em forma de balada com “Save Me From Myself”, a graciosa (apesar do excesso de gritos) “The Right Man” fecha o segundo disco. Porém, “Hurt” é o ápice vocal da diva, num clima nostálgico deslumbrante e vocalização das mais surpreendente da cantora, no qual a transformar na “Voz da Geração”. Não podemos deixar de fora a faceta libidinosa de “Nasty Naughty Boy” e “Candyman” que ficaria muito bem melhor colocada na primeira etapa do álbum, mas não quebra o equilibro do suprassumo da audição com os tons divertidos presentes na letra.

Singles
O álbum fruteiro cinco singles (sendo 2 promocionais) durante o período de divulgação. São eles:

- "Ain't No Other Man": aclamada pela mídia especializada e potencializada com os vocais de Aguilera, a faixa ditava a mudança no estilo musical. O vídeo musical teve a direção de Bryan Barber que retratou o ambiente anos 30 e 40, além de incluir a nova personalidade “Baby Jane” da cantora --- dançando e cantando em uma boate com suas amigas parceiras. No vídeo temos trechinho de “I Got Trouble”.

- "Hurt": pode ser classificada como melosa, mas temos um dos momentos vocais mais puro de Xtina, além de fazer Babra Streisand chorar rios de lágrimas pela dramaticidade que expõe a letra com paixão, força, tristeza, dor e emoção em uma letra perfeita ao lidar com o abandono e a redenção. Seu clipe dirigido por Floria Sigismondi e co-dirigido pela própria cantora incorpora os elementos circenses dos anos 30 e 40, e a interpretação da artista como uma ‘showgirl’, que se importa mais com seu estrelato do que com o seu pai, mas tudo muda após a morte do mesmo.

- "Candyman": mantém todo o clima divertido que o disco resgata do estilo pinups com “Baby Jane” se derrete por um cara que ‘makes her panties drop and has a big UHHHHH’. Além de ter amostras a cadencia militar no trecho ‘Tarzan and Jane were swingin’ on a vine’. O clipe teve a direção da cantora dividida com Matthew Rolston, apresentando um singelo tributo ao grupo “The Andrews Sisters”, baseando-se em todo o clima dos anos 40.

- "Slow Down Baby": é um single promocional (definido como o quarto) para a Oceania e alguns países asiáticos, apresenta dois samples --- "Window Raisin'Granny" gravada por Gladys Knight & the Pips para o seu álbum Imagination (1973) e "So Seductive", gravada por Tony Yayo (2005). Seu vídeo é uma versão ao vivo retirado da turnê “Back to Basics: Live and Down Under”.

- "Oh Mother": teve também a importância como quarto single promocional, mas seu lançamento limitou-se a Europa. Nessa canção, Aguilera deixa expor todos os medos mais entranho. Relata, em primeira pessoa, a infância tumultuada pelo pai violente, dedicando as palavras de tristeza e esperança a sua mãe, abordando temas tabu e difícil. O clipe restringiu a apresentação ao vivo da faixa na tour “Back to Basics: Live and Down Under” e contém Christina cantando e cenas dos bastidores durante a turnê.

- "Save Me From Myself": lançado como quinto e último single do álbum, também serviu para festejar o nascimento do primeiro filho da diva em 12 de janeiro de 2008. A faixa faz referência ao então marido. Acompanhada por um violão e um violino, entoa os versos com uma suave e doce voz nunca mostrado por ela em uma letra delicada e romântica. Já o vídeo clipe traz recortes de imagens reais da vida da cantora.

Curiosidades
- “Back to Basics” alcançou o número #1 em mais de 15 países, sendo que nos EUA atingiu o topo da Billboard 200;
- “BB” também o primeiro álbum de Aguilera à estrear no #1 lugar no Reino Unido e permaneceu 33 semanas no Top 75;
- Com este álbum Christina ganhou um Grammy Award na categoria "Melhor Performance Pop Vocal Feminina" com "Ain't No Other Man".

Turnê
Xtina excursou pela Europa, América do Norte, Ásia e Oceania com a “Back to Basics: Live and Down Under”, no qual arrecadou mais de $95 milhões de dólares em 80 shows pelo mundo, sendo que levou mais de 1,3 milhões de fans. O registro do show aconteceu em Adelaide, na Austrália, rendendo o DVD oficial da apresentação.


Nenhum comentário:

Postar um comentário