“Ainda Estou Aqui”: O Triunfo Brasileiro e o Etarismo da Academia
A vitória de Ainda Estou Aqui no Oscar de Melhor Filme Internacional representou um momento histórico para o cinema brasileiro, reafirmando a força artística do país no cenário global. Desde o início da temporada de premiações, o filme acumulou reconhecimento e se consolidou como um dos grandes favoritos. Com uma narrativa envolvente e um trabalho técnico impecável, sua consagração na categoria internacional era um desfecho esperado e merecido. Parte do impacto do filme se deve à atuação brilhante de Fernanda Torres, cuja performance arrebatadora foi amplamente aclamada. Além de carregar o filme com sua presença magnética, a atriz desempenhou um papel fundamental na campanha do longa, tornando-se uma das figuras mais comentadas da temporada. Sua indicação ao Oscar de Melhor Atriz parecia um passo natural para um reconhecimento maior, não apenas por sua atuação excepcional, mas também pelo significado que sua vitória teria para o cinema brasileiro e para a correção de injustiças históricas da premiação. No entanto, a decisão da Academia de premiar Mikey Madison por sua atuação em Anora reforçou não apenas um padrão recorrente e questionável do Oscar—sua resistência em premiar atrizes e atores que fazem parte do Melhor Filme Internacional—mas também um problema ainda mais profundo: o etarismo da indústria cinematográfica. Em vez de reconhecer Fernanda Torres, que protagonizou um dos filmes mais celebrados da temporada, ou mesmo Demi Moore, que teve um retorno triunfal e arrebatador este ano, a Academia optou por premiar uma atriz jovem, ignorando o trabalho maduro e sofisticado de intérpretes em plena maturidade artística. Historicamente, Hollywood tem um histórico problemático de privilegiar atrizes mais jovens em detrimento de veteranas que apresentam performances igualmente ou ainda mais complexas. Essa
lógica, que reflete uma cultura de descarte da mulher no cinema à medida que envelhece, se repetiu nesta edição do Oscar, desperdiçando uma rara oportunidade de valorizar atrizes que atingiram o auge de sua carreira e entregaram performances inesquecíveis. Além disso, essa escolha desperdiçou uma chance de reparação histórica. A vitória de Fernanda Torres teria sido um reconhecimento não apenas ao seu talento excepcional, mas também ao legado de sua mãe, Fernanda Montenegro, que em 1999 perdeu injustamente o Oscar para Gwyneth Paltrow, num dos momentos mais controversos da história da premiação. A escolha de Shakespeare Apaixonado e sua protagonista foram amplamente criticadas como um triunfo da estratégia agressiva de campanha da Miramax, liderada por Harvey Weinstein, em detrimento da excelência artística. Premiar Fernanda Torres teria sido um ajuste de contas necessário, finalmente reconhecendo o talento de uma atriz brasileira que, assim como sua mãe, deixou sua marca na história do cinema. O Oscar 2025 será lembrado não apenas pela consagração do Brasil em Melhor Filme Internacional, mas também pela insistência da Academia em seguir padrões ultrapassados que ignoram a grandiosidade de atrizes maduras. Ainda assim, a vitória de Ainda Estou Aqui reafirma que o Brasil está no mapa do cinema mundial—e que a Academia precisa olhar para ele com mais seriedade e menos preconceitos nos próximos anos.

The victory of Ainda Estou Aqui in the Best International Feature Film category at the Oscars marked a historic moment for Brazilian cinema, reaffirming the country’s artistic strength on the global stage. From the beginning of the awards season, the film gained recognition and established itself as one of the top contenders. With a compelling narrative and impeccable technical execution, its win in the international category was both expected and well deserved. A significant part of the film’s impact comes from Fernanda Torres’ brilliant performance, which was widely acclaimed. Beyond carrying the film with her magnetic presence, the actress played a crucial role in the film’s campaign, becoming one of the most talked-about figures of the season. Her nomination for Best Actress seemed like a natural step toward greater recognition—not only for her exceptional acting but also for what her victory would have meant for Brazilian cinema and the correction of historical injustices in the Academy’s voting patterns. However, the Academy’s decision to award Mikey Madison for her role in Anora not only reinforced a recurring and questionable pattern—the reluctance to award actors and actresses from the Best International Feature Film—but also highlighted a deeper issue: ageism in the film industry. Instead of recognizing Fernanda Torres, who starred in one of the most celebrated films of the season, or even Demi Moore, who delivered a triumphant and stunning comeback performance this year, the Academy chose to honor a younger actress, disregarding the mature and sophisticated work of performers at the peak of their artistic careers. Historically, Hollywood has demonstrated a troubling tendency to favor younger actresses over veterans who deliver equally, if not more, complex
.jpeg)
performances. This trend, which reflects a culture of discarding women in cinema as they age, repeated itself at this year’s Oscars, wasting a rare opportunity to celebrate actresses who have reached the pinnacle of their careers with unforgettable performances. Moreover, this decision squandered an opportunity for historical reparation. Fernanda Torres’ victory would not only have been a recognition of her exceptional talent but also a tribute to her mother, Fernanda Montenegro, who was unjustly denied the Oscar in 1999 in favor of Gwyneth Paltrow, in one of the most controversial moments in the award’s history. The selection of Shakespeare in Love and its lead actress was widely criticized as a victory of Miramax’s aggressive campaign, led by Harvey Weinstein, over true artistic excellence. Honoring Fernanda Torres would have been a necessary reckoning, finally acknowledging the talent of a Brazilian actress who, like her mother, has made her mark in film history. The 2025 Oscars will be remembered not only for Brazil’s triumph in Best International Feature Film but also for the Academy’s persistence in upholding outdated standards that overlook the greatness of seasoned actresses. Even so, Ainda Estou Aqui’s victory reaffirms that Brazil is firmly on the world cinema map—and that the Academy must take it more seriously and with fewer biases in the years to come.

La victoire de Ainda Estou Aqui dans la catégorie Meilleur Film International aux Oscars a marqué un moment historique pour le cinéma brésilien, réaffirmant la puissance artistique du pays sur la scène mondiale. Dès le début de la saison des récompenses, le film a accumulé les distinctions et s’est imposé comme l’un des grands favoris. Avec une narration captivante et une exécution technique impeccable, son sacre dans la catégorie internationale était un dénouement attendu et mérité. Une grande partie de l’impact du film repose sur l’interprétation magistrale de Fernanda Torres, dont la performance a été largement saluée. En plus de porter le film avec sa présence magnétique, l’actrice a joué un rôle clé dans la campagne du long-métrage, devenant l’une des figures les plus discutées de la saison. Sa nomination à l’Oscar de Meilleure Actrice semblait être une étape naturelle vers une reconnaissance plus large, non seulement pour son jeu exceptionnel, mais aussi pour ce que sa victoire aurait représenté pour le cinéma brésilien et pour la correction d’injustices historiques dans le processus de vote de l’Académie. Cependant, la décision de l’Académie de primer Mikey Madison pour son rôle dans Anora a non seulement renforcé un schéma récurrent et contestable—la réticence à récompenser les acteurs et actrices issus du Meilleur Film International—mais a également mis en évidence un problème plus profond : l’âgisme dans l’industrie cinématographique. Plutôt que de reconnaître Fernanda Torres, qui a porté l’un des films les plus célébrés de la saison, ou même Demi Moore, qui a signé un retour triomphal et saisissant cette année, l’Académie a choisi d’honorer une actrice plus jeune, ignorant ainsi le travail mature et sophistiqué d’interprètes au sommet de leur art. Hollywood a toujours eu une tendance inquiétante à privilégier les actrices plus jeunes au détriment des vétéranes, dont les performances sont pourtant tout aussi, voire plus, complexes. Cette logique, qui reflète une culture de mise à l’écart des femmes à mesure qu’elles vieillissent dans l’industrie du cinéma, s’est une fois de plus manifestée lors de cette édition des Oscars, gâchant ainsi une rare opportunité de mettre en lumière des actrices ayant atteint l’apogée de leur carrière avec des performances inoubliables. De plus, ce choix a également privé l’Académie d’une réparation historique. La victoire de Fernanda Torres aurait été un hommage non seulement à son propre talent exceptionnel, mais aussi à l’héritage de sa mère, Fernanda Montenegro, qui avait injustement perdu l’Oscar en 1999 face à Gwyneth Paltrow, dans l’un des moments les plus controversés de l’histoire de la cérémonie. Le triomphe de Shakespeare in Love et de son actrice principale avait alors été largement critiqué comme le résultat d’une stratégie de campagne agressive menée par Harvey Weinstein et Miramax, au détriment de la véritable excellence artistique. Récompenser Fernanda Torres aurait été un geste de justice tardive, enfin reconnaissant le
talent d’une actrice brésilienne qui, comme sa mère, a marqué l’histoire du cinéma. Les Oscars 2025 seront ainsi retenus non seulement pour la consécration du Brésil dans la catégorie Meilleur Film International, mais aussi pour l’incapacité de l’Académie à briser ses schémas dépassés et à reconnaître pleinement la grandeur des actrices expérimentées. Néanmoins, la victoire de Ainda Estou Aqui confirme que le Brésil est désormais une force incontournable du cinéma mondial—et que l’Académie devra le prendre plus au sérieux et avec moins de préjugés dans les années à venir.
“Ainda Estou Aqui”: Il Trionfo Brasiliano e l’Ageismo dell’Academy
La vittoria di Ainda Estou Aqui nella categoria Miglior Film Internazionale agli Oscar ha rappresentato un momento storico per il cinema brasiliano, riaffermando la forza artistica del paese sulla scena globale. Fin dall’inizio della stagione dei premi, il film ha ottenuto riconoscimenti e si è affermato come uno dei grandi favoriti. Con una narrazione coinvolgente e una realizzazione tecnica impeccabile, il suo trionfo nella categoria internazionale era un esito atteso e meritato. Gran parte dell’impatto del film è dovuto alla straordinaria interpretazione di Fernanda Torres, la cui performance è stata ampiamente acclamata. Oltre a sostenere il film con la sua presenza magnetica, l’attrice ha svolto un ruolo cruciale nella campagna del lungometraggio, diventando una delle figure più discusse della stagione. La sua candidatura all’Oscar come Miglior Attrice sembrava un passo naturale verso un riconoscimento più ampio, non solo per la sua recitazione eccezionale, ma anche per il valore simbolico che la sua vittoria avrebbe avuto per il cinema brasiliano e per la correzione di ingiustizie storiche nel processo di votazione dell’Academy. Tuttavia, la decisione dell’Academy di premiare Mikey Madison per la sua interpretazione in Anora ha evidenziato non solo un modello ricorrente e discutibile—la riluttanza a premiare attrici e attori che fanno parte del Miglior Film Internazionale—ma anche un problema ancora più radicato: l’ageismo nell’industria cinematografica. Invece di riconoscere Fernanda Torres, protagonista di uno dei film più celebrati della stagione, o persino Demi Moore, che quest’anno ha avuto un ritorno straordinario e potente, l’Academy ha scelto di premiare un’attrice più giovane, ignorando il lavoro maturo e sofisticato di interpreti che si trovano all’apice della loro carriera artistica. Hollywood ha sempre mostrato una tendenza preoccupante a favorire le attrici più giovani rispetto alle veterane, le cui interpretazioni sono spesso altrettanto, se non più, complesse. Questa logica, che riflette una cultura di esclusione delle donne nel cinema con l’avanzare dell’età, si è ripresentata ancora una volta agli Oscar di quest’anno, sprecando una rara occasione per valorizzare attrici che hanno raggiunto il massimo della loro carriera con performance indimenticabili. Inoltre, questa scelta ha vanificato una grande occasione di riparazione storica. La vittoria di Fernanda Torres avrebbe rappresentato un riconoscimento non solo del suo straordinario talento, ma anche un omaggio all’eredità di sua madre, Fernanda Montenegro, che nel 1999 fu ingiustamente privata dell’Oscar a favore di Gwyneth Paltrow,
