Homônimo disco anunciava o fim da dupla
Em 28 de abril de 2006, chegava às lojas de todo o Brasil, o
décimo-quinto projeto musical da dupla Sandy & Junior. Porém, aos
fans cadastrados no site oficial da dupla à época, no dia cinco de abril de
2006, recebiam em seus e-mails uma imagem de fundo em tons marrons com duas
imagens pequenas ao centro, algo que lembravam indicadores de banheiro
(feminino e masculino) na cor bege, sem dar mais detalhes do que esperavam seus
sépticos seguidores. Uma mensagem, usando uma tipografia que lembrava os tempos
de datilografia: “Você vai querer ouvir de novo”.
A proposta, buscava entregar ao público o amadurecimento musical dos
irmãos campineiros, após uma longa estrada que passeava pelas raízes sertanejas
na infância, trilhando caminhos na concepção pop-nacional até chegar ao melhor
da música internacional naqueles idos anos 2000.
Fato é, à primeira vista, o repertório propunha essa renovação – “cheia
de ousadia” – permeava no lirismo poético de Sandy, no qual assinava
a maioria das canções e fincava sua postura como uma grande interprete. Junior,
deixava seus dons vocais mais amostra, assume a co-direção desse disco e
participa ativamente como instrumentista.
Apesar de toda a poupa e excelência da equipe de marketing, o álbum não
atingiu aquele distante tempo áureos que conquistavam plateias em terras
tupiniquins com milhões de cópias como em “As Quatro Estações” (1999), “Quatro Estações – O Show – Ao Vivo” (2000), e “Sandy & Junior” (2001);
a dupla já vinha percebendo os problemas de vendagens devido a pirataria
fonografia assolando o Brasil, em um tempo que a internet iniciava sua passadas
largas e, serviços de streaming não tinha tanta popularidade. Mas, desde “Identidade”
(2003), era visível a necessidade de provar evolução musical com composições
próprias e assumindo a sonoridade.
A produção é um parâmetro para avaliar a qualidade musical desse projeto.
Os irmãos cercaram-se de nomes influentes como o argentino Sebastian Krys,
inserindo-os num ambiente pop-rock internacional com arranjos azeitados. Os instrumentos
presentes valorizam a harmonização dos vocais com requinte, sobretudo em faixa
como “Você Não Banca o meu Sim”. Em outras palavras, a parte
instrumental desse disco está à altura dos melhores trabalhos do gênero naquele
período.
Mas, tudo isso, só pode ocorrer devido a lacuna sabática entre “Identidade”
e o homônimo disco de 2006. Ambos os artistas permitiram criar outras viagens e
“arriscar-se” em projetos solos que alimentavam rumores de que a parceria
chegava ao fim; além de esqueceram de nomear esse novo disco, algo que soou
como um desleixo, já que apenas duas silhuetas estampavam a capa conceito.
Singles
- “Replay”, primeira faixa a ser trabalhada, entrava no ambiente
comum da dupla, investir em uma versão em português composta por Sandy e
com Jr na primeira voz. Sim, arriscado e dando todo o tom de ousadia que
esse trabalho desejava.
- “Estranho Jeito de Amar”, composta por Junior Lima, Tatiana
Parra e Otávio de Moraes teve a responsabilidade de ser a segunda
canção e última trabalhada do disco. Todavia, o burburinho se deu por conta de
o videoclipe possuir 13 minutos, sendo apresentado em sessão especial no Festival
de Cinema de Gramado.
Faixas
Com 12 músicas, Sandy e Junior deixou músicas
interessantes, mesmo que, paira nas singularidades dos seus fans e enriquecendo
a listinhas b-sides dos irmãos. Canções como “Ida Nem Volta”, “Você Não Banca o Meu Sim”, “Nós Dois no Abismo” e “Destinos” que
merecem atenção com o distanciamento desse lançamento. Entretanto, “Nas Mãos da Sorte”, passeia na ousadia de trazer Milton Nascimento recitando Gabriel,
O Pensador e Taboo, do Black Eyed Peas, numa letra que bebe
no discurso engajado. A polêmica fica com “Discutível Perfeição”, onde Sandy
solta em versos os estereótipos criados em cima de sua própria imagem (algo que
ainda persegue a cantora no auge dos seus mais de 30 anos de idade). A misteriosa
faixa instrumental, “Último”, soa como uma profecia por selar o
fechamento do disco e seria a última canção gravada em estúdio pela dupla.
Vendagem & Premiação
Atingindo números acima das 150 mil cópias de acordo com a Associação
Brasileira de Discos (ABPD). Além de garantir uma indicação ao Grammy
Latino 2006 como “Melhor Álbum Pop Contemporâneo”.
A Crítica
Teve uma recepção singular, mas o que marcou foi a definição a época
pelos críticos: “produção rica para uma música pobre”.
Como fan, afirmo que tal álbum possui uma áurea simbólica, pois
anunciava, mesmo que de maneira (quase) não existente, o fim de uma era de 17
anos.
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