Ícone
da beleza, mal compreendida em sua essência
e enigmático,
como todo o resto da sua vida
"Como um ícone da cultura popular americana,
[são] poucos os rivais de Marilyn Monroe em popularidade, incluindo Elvis Presley e Mickey Mouse [...] nenhuma outra estrela já inspirou uma vasta gama
de emoções — da luxúria à piedade, da inveja ao remorso"... Quis usar
o trecho do livro “The Guide to United
States Popular Culture” para dar o pontapé inicial sobre essae colossal mito.
Descrever
sobre uma pessoa emblemática que tem a sua imagem pública em conflito com âmago
duradouro de seu sucesso é uma tarefa que solicita uma imersão física, mental e
emocional grandiosa. Apesar disso, mesmo após quase 54 anos de sua morte, o
título de sex symbol é tão vivo que, a união da imagem e forma é capciosa. Hoje,
num mundo tangível pelas redes sociais, podíamos afirmar que o mainstream de
beleza e o célebre encantamento entre uma das maiores (ou quiçá, a maior)
estrela hollywoodiana do século XX, tem o lado infeliz, sem cor, triste e gélido.
Sua vida pessoal conturbada, infância instável, a busca pelo respeito
profissional e todas as teorias conspiratórias sobre sua morte que a rodeiam até
hoje.
Estudiosos
em gêneros e feminismo, apontam como base pela capacidade de relevância, mesmo
sem levantar bandeiras, nas discussões entre sociedade moderna, ainda que, sua
imagem seja o fluxo de ideias entre moralidade e sexualidade que caracterizavam
os anos 50 na Terra do Tio Sam. Entretanto,
a artista é indicada sem posicionamento em um momento ou lugar, uma superfície que
passeia nos relatos da cultura pop americana, nos quais, a sua (re)construção
funciona como um tipo de elo cultural que pode ser reproduzido, transformado e
traduzido em novos tons de conceitos para neo-gerações.
A
jornalista Lois Banner expõe Marilyn como uma “metamorfose eterna”, que é “recriado
por cada geração e cada indivíduo baseado em suas próprias especificações”.
Embora
a definição de empoderamento feminino seja usual em nossa rotina hoje, Monroe possuía o entendimento, ainda
que, não de maneira clara em sua vivência.
A
personificação de sua figura, remete, o entendimento objetivo a vida cultural
americana, ao lado de cachorro-quente, torta de maçã e beisebal; itens que são
familiarmente ligados ao que discorre o livro citado no início do texto. Desse modo,
a imagem mortalizada da atriz de pele branca e cabelos louros como símbolo de
mulher moderna, caracteriza como um resumo da complexa interface da economia,
política e erotismo da América para a Europa, em tempos pós-Guerra Mundial;
desolada, empobrecida, sem sol.
Nessa
luta diária em deixar de ser Norma Jeane
Mortenson, Marilyn não deixou explícitos as ideias socialistas em defender direitos civis e a postura política radical
a esquerda, uma das suas facetas que poucos tiveram conhecimento, a estrela
vista como burra, era muito inteligente e politizada.
Prova
disso, está no argumento dado pela Banner em seu livro "Marilyn: The Passion and the Paradox"
("Marilyn: A Paixão e o Paradoxo",
em tradução livre), recente biografia lançada da atriz.
Em
outro ponto, a jornalista disse sobre a existência do movimento feminista,
naquela época para auxiliar no direcionamento profissional, fazendo-a Marilyn Monroe uma líder, e não uma
imagem.
O
contraponto desse universo que permeia a estrela está na procura incansável de
ser uma atriz de reconhecimento também dramático, não que suas sagazes comédias
fossem enterradas, mas o prestígio dos intelectuais importava muito a ela. Mas,
no fim, Monroe mostrou-se ser uma
mulher que idealizava um porto seguro no amor. Tanto, que, chegou a telefonar
para a primeira-dama, Jackie Kennedy,
para dizer que se casaria com seu marido. "Ótimo (...) Eu me mudo, e você fica com todos os problemas",
teria dito Jackie.
Talvez,
enraizada na ideologia de um período de intensa repressão, as mulheres superfemininas
não deveriam ser inteligentes. Por isso, sutilmente o conteúdo sexista
posicionado pela silhueta da atriz, ganhou mais espaço do que seu intelecto.
(Fotos Bert Stern -
The Last Sitting)
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