quinta-feira, 30 de junho de 2016

True Blue, o terceiro álbum

Disco coroou Madonna como a Rainha do Pop



A crítica evidenciou o que tornaria ‘Madonna a superestrela’ do mercado fonográfico nos anos 80. Seu terceiro álbum sacramenta todo o caminho percorrido pela a artista e o amadurecimento criativo que ‘Madge’ sinalizava como compositora e produtora.
O disco “True Blue”, lançado em 30 de junho de 1986, tem elementos femininos bem aguçados, ditos por muitos, como mais feminino na discografia de Madonna. A Rainha do Pop propõe que seus ouvintes possam entender as visões que a própria sentia pelo amor, trabalho, sonhos e decepções, questão viventes em sua alma e, claramente, a inspiração em seu (então) marido, o ator Sean Penn, no qual M faz declarada dedicação ao álbum. Para conduzir o projeto, Madonna contou com Stephen Bray e Patrick Leonardo, cooperando nas composições e produção de todas as canções do disco, que por sinal, apenas “Open Your Heart” (originalmente “Follow Your Heart”, escrita por Gardner Cole e Peter Rafelson – oferecida e descartada pela Cindy Lauper) e “Papa Don’t Preach” (letra de Brian Elliot e sampleada com a sonata “Appassionata” de Beethoven), não foram produzidas diretamente pela Madonna, sendo retrabalhadas após a apresentação à artista. Com isso, as demais músicas foram escritas pela M com o auxílio de Bray e Leonard.
O conceito musical do disco passeia pela instrumentação de violões, bateria, sintetizadores e instrumentos cubanos. A Rainha do Pop permeia por temas que variam entre amor, liberdade, questão sociais como a gravidez na adolescência e o aborto.

Capa Ícone
A ‘pop art’ desenvolvida pelo artista Andy Warhol deu o tom da inspiração a capa de “True Blue”. Fotografada pelo ‘Herb Ritts’, tornou-se uma das fotos mais conhecidas de M. A imagem carregava Madonna com a posição de seu pescoço inclinada para cima e levemente posicionada para atrás. As variantes nuances de cinza, branco e azuis para transparecer e reforçar o título do álbum. Indiscutivelmente, ‘Madge’ surgia numa versão mais elegante com a pose, usando uma jaqueta de couro preta e os lábios levemente avermelhados, a posição do seu pescoço que assemelhava ao cisne.
A foto original foi tirada em preto-e-branco refletindo uma clara mistura de inocência, idealismo, incorporando o estilo vibrante das cores dos anos 50. De acordo com Lucy O'Brien, autora de Madonna: Like an Icon, percebeu que a obra de arte proposta anunciava a chegada de uma nova Madonna, baseando-se no apelo duradouro de seu ‘ícone-mãe’ – Marilyn Monroe: "Com essa imagem, ‘Madonna’ fez explicitamente a conexão entre Warhol e ela mesma, o nexo entre a arte pop vívida e o comércio. O final dos anos 1980 marcou uma nova era do artista pop como uma marca, e Madonna se tornou a primeira a explorar isso".


Conceito musical
A Rainha empoderada das referências e as linguagens sugeridas para prestar elementares homenagens aos ícones da ‘Era de Ouro’ em Hollywood, criou canções nos quais destacava tais homenagens como “Jimmy Jimmy” para James Dean, ou em “White Heat” para James Cagney, com súteis citações ao filme “Fúria Sanguinária”, de 1949. Enquanto isso, outras músicas flertavam com ritmos de outros tempos e menções a culturas solares, como os tons de latinidade em “La Isla Bonita”, o clima ‘innocence’ dos clássicos anos 50, fortemente inspirada pela influência de “Grease” e o doo-wop dos anos 60. Neste momento, Madonna permite remexer com seus próprios demônios e trazer ao público toda a conturbada estrutura que transitou em sua carreira como as polêmicas que se envolveu em toda sua jornada artística.
True Blue”, em contrapartida, expõe uma sonoridade límpida e cristalina, além de madura, referente aos dois projetos apresentados anteriormente pela cantora. M não queria apenas ser citada como uma excelente bailarina, ou, uma boa cantora. Desejava mais, e nesse disco deixou sua assinatura como (reveladora) ótima produtora e compositora.
Liricamente, o disco caminha em ideias de Madge sobre as situações como amor. Mas temos faixas como “Where’s the Party” que ambienta uma menina que trabalha durante o dia e, à noite, aproveita a pista de dança. Pontos como sua admiração aos ‘bad boys’ ficam claro em “Jimmy Jimmy”. Enquanto seu amor latino em “La Isla Bonita” discorre o escapismo da vida (dita) normal e temas anti-guerra e anti-pobreza, além de agregar claras influências de ritmo como samba, isso chega a ser sentido também com “Loves Makes the World Go Round”. Porém, as firmezas dos negócios são enfrentadas com “White Heat”, incluindo a infame “make my day”, de Clint Eastwood, ademais carregar sua veia ‘uptime’ dançante com seus sintetizadores. M, apesar de buscar a maturidade e o público adulto, não podia esquivar dos adolescentes, abordando o assunto em “Papa Don’t Preach”, onde revela ao pai está grávida antes do casamento, mas que terá seu bebê. Já a balada “Live to Tell” traz a complexidade do ardil desconfiança, revelando cicatrizes de infância e seguindo um ambiente emocional latente, atingindo, o nível divino. Entretanto, a faixa homônima, nos conduz a um romance vivido nos anos 50, um espelho das mulheres vivantes do gênero pop daquele tempo. A letra é construída no melhor estilo ‘Romeu & Julieta’ (verso-refrão), Madge olha para seu amor e sentimentos mais singelos pelo Sean Penn. Curiosamente, utiliza um vocabulário arcaico amoroso com ‘dear’. Em “Open Your Heart”, expressa todos os seus desejos sexuais e engrandece a beleza e os mistérios que cercam as pessoas na ‘Latin-American’ com a faixa “La Isla Bonita”.  


Singles
- “Live to Tell”: Não é somente uma canção-balada, mas registra um dos vocais mais densos e sérios da artista. A faixa compõe a trilha sonora do longa “At Close Range”, estrelado por Sean Penn, marido de Madonna na época. Lançado em março de 1986, a música é a segunda balada da cantora atingir o #1 na Billboard Hot 100;
- “Papa Don’t Preach”: É uma faixa dance-pop com instrumentação de guitarras, sendo seu quarto single #1 nos EUA. A música tem a mensagem com assunto polêmico e controverso para época: a gravidez na adolescência. Era junho 1986 e ainda era tabu comentar esse fato que já vinha acontecendo com certa frequência, a gravidez das jovens antes do casamento;
- “True Blue”: Verdadeiro sincero, esse era o tom do terceiro disco da Rainha. Madonna buscava ser sincera com ela e seus aliados (fans). A canção tem forte inspiração no dance-pop existentes nos grupos femininos de Motown dos anos 50-60. A faixa alçou o #3 na Billboard Hot 100;
- “Open Your Heart”: Com influência no amor, seguindo o caminho do sentimento nutrido por um garoto a uma garota, Madge expressa todo o desejo sexual na letra. Sendo assim, seu quinto single #1 na Billboard Hot 100;
- “La Isla Bonita”: É seu primeiro flerte com a comunidade latina. Na letra, temos a ótica da cantora como uma turista que reza “que os dias iriam durar, mas eles foram muito rápidos”.

Crítica / Legado
O distanciamento do seu lançamento, nos guardar a reflexão de tão irresistível é o disco, como um álbum trinta anos após continua robusto e amável, fiel ao passado recente de outrora dessa artista e descaradamente indicando novos tempos acima dele.
True Blue” é a melhor maneira de encarar, pela própria Madonna, seu rito de passagem da vida musical açucarada adolescente ao mundo devasso adulto em sua obra. É a sinalização coroada da ‘estrela americana’ para o ‘maior ícone feminino musical’. Com tudo, a imagem apoteótica gerada pela foto/capa que subtrai o nome da artista.
Todo o clima dance-pop, exploravam as verdadeiras habilidades de Madge como compositora, produtora e provocativa; expõe o amplo alcance de realização e puro senso de humor.
De acordo com Stephen Thomas Erlewine, “’True Blue’ transformou a Madonna na maior estrela dos anos 80 – a artista infinitamente ambiciosa e destemidamente provocativa que é ultraje, debate ignição, obtêm boas críticas – e faz boa música enquanto ela está fissurada no que faz”.
Já em sua então terceira edição, MTV Music Awards, em 1986, consagrou a videografia da Rainha com o prêmio Video Vanguard Award, desenvolvido para reconhecer o impacto de seus clipes na indústria pop, dessa forma, tornou-se a primeira artista feminina a receber a honra.

Curiosidades
- Segundo IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica) sua vendagem passa dos 25 milhões de cópias ao redor do globo;
- É a primeira aparição da cantora no livro dos recordes Guinness Book;
- É o álbum que mais vendeu em 1986;
- Maior vendagem de uma artista na década de 80;
- Está lista de Melhores Álbuns dos Anos 80 da revista Slant na 60ª posição;
- “La Isla Bonita” foi escrita para o disco “Bad” do cantor Michael Jackson, no qual a recusou por não ter interesse no mercado latino;
- Em 1985, durante o “Live Aid”, Madge “Love Makes the World Go Round”, antes mesmo do lançamento do álbum;
- “Live to Tell” foi gravado em um único take, sendo que a voz do áudio é a fita demo;
- As primeiras versões do disco, a capa não apresentava logotipo, porém, nas edições posteriores vendidas na Europa e América do Sul, ganhou o nome de Madonna e o título do álbum na capa;






E, no final, nunca saberemos o que Madonna anseia em ser: demônio ou anjo? Ou uma exemplar filha ou uma rebelde das causas do mundo? Ou uma religiosa católica devota ou uma herege? Ou ela quer ser tudo isso ou nada além de expor sua arte?!




Fontes:
MTV US
Madonnarama


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