Cantora,
atriz e ícone da indestrutibilidade do universo pop
Confesso que em alguns momentos torcia o
nariz para a “Deusa do Pop”, devido
ao exagero e extravagante maneira de ser que essa descente de armênico causava
dentro de mim. Porém, no ano que essa grande artista celebra seus 70 anos de
vida e, quase seis décadas de contribuição musical, na sétima arte, na
televisão, na moda e pro mundo, não poderia ser indiferente.
Exatamente no dia 20 de maio de 1946, na
cidade El Centro, Califórnia; nascia a mutante que daria as rédeas para o
surgimento das mulheres na indústria pop musical.
Cherilyn
Sarkisian LaPiere Bono Allman ou simplesmeste Cher, como adotou a partir de 1978,
excluindo os sobrenomes de seu pai, padrasto e ex-maridos por estar ‘cansada de ser associada a eles’, e ser
apenas Cher.
Desde menina, ‘a boneca Barbie do mundo’, apresentava na escola
aptidões artistas entre os colegas de classe, mesmo que seus interesses acadêmicos
não fossem tão fortes como a arte. Quando aluna "produziu" para sua
classe o musical “Oklahoma!”. De
acordo com o biógrafo Connie Berman,
"ela reuniu um grupo de garotas e
dirigiu e criou as coreografias. Como não podia contar com garotos, ela atuou
nos papéis masculinos e cantou suas músicas. Mesmo nessa idade, ela já tinha
uma voz grave."
Musicalidade
Cher não pertence ao um grupo de gênero musical
único por ter abraçado diversos ritmos durante seus anos de contribuição para
música com sua peculiar sonoridade vocal grave a cada época.
Sem poder indicar um gênero como seu, a
crítica define como ‘única que continua a quebrar as barreiras de seu talento’.
Passeando entre folk, disco, rock, R&B e dance; consegue
manter relevante e realizar projetos musicais que surtam efeito perante ao
público e crítica; conseguindo manter a sinceridade/identidade em seus álbuns como
na mudança anterior, sendo Cher
sempre. Impondo sua personalidade e brilhando nos diversos caminhos de gêneros visitados,
traçando uma linha tênue entre outros artistas que tenham tanta bagagem como
ela, não soariam igualmente reconhecíveis numa canção síntese dance como “Believe”, lá dos idos 1999; e viajar com
seu folk sombriamente distante dos
anos 1974 com “Dark Lady”. Assim,
seus admiradores dos 90 devem deliciar com os anos 70, mesmo sendo trabalhos
distintos e diferentes.
Quando Madonna era uma criancinha de colo, a musa de Sonny já causava polêmica com temas abordados em suas letras, no
qual refletia uma gravidez indesejada e citar o divórcio, assuntos incomuns
para uma gravação pop dos anos 60.
Nesses mesmo anos 60, em especial, é lembrada por não
ser vocalmente rica ou poderosa para a ‘mãe
de todas cantores solos’, mas apresentava expressividade e radiava nas
criações com Sonny Bono, sendo que,
na década seguinte, temos (tanto solo ou com Sonny) mais personalidade e um quê mais adulto. Um bom exemplo
desse período é a faixa “Gypsys, Tramps & Thieves” por tratar o assunto-tema da música, como as mudanças de
tempo incomuns e um refrão memorável serem o elo para a interpretação
transcendente da cantora, indicando amadurecimento como artista.
Outro ponto relevante dos anos 70 é a
capacidade de hibridismo de Cher ao
cantar músicas como “The Way Of Love”
que pode ter duas óticas de interpretações: ora pode ser uma mulher expressando
seu amor por outra mulher ou uma mulher dando adeus para um homem gay (‘Then what will ya do / When he sets you free
/ Just the way that you / Said goodbye to me’) por não se importar com a
identidade de gênero neutra ou andrógina em suas canções é capaz de sustentar com
sua voz os arranjos masculinos ou femininos. Algo que apenas refletiria, positivamente,
quando assumiu a carreira solo.
Todavia, o momento marcante da questão
vocal de Cher é o aparecimento do ‘Auto-Tune’ no álbum disco “Believe”, definindo o efeito como “Cher Effect” por apresentar a voz da cantora robotizada como se
saísse de uma máquina, sinalizando a virada do milênio/século em sequência com
a música eletrônica ditando presença no mundo. O tal efeito teve inúmeros artistas
imitando em seus discos, sendo assim, creditado a Deusa ‘a revolução de como
fazer música’.
A sua notoriedade também está enraizada no
campo como compositora após o lançamento do disco “Not.com.mercial” (2000) por ser o único projeto, inteiramente,
composto por ela, evidenciando a sua aptidão de contar história através de
versos.
Resumindo a voz de Cher contém o timbre grave, volumoso, escuro, rouco e gutural; na excelência
do rock, impura, peculiar, transformando num bom veículo para projetar
personalidade. Um instrumento musical raro e um dos melhores a ser ouvido.
Seus
amores
Em citar Sonny Bono (seu parceiro artístico e marido na época) e mentor artístico,
casaram-se, informalmente, em outubro de 1964. Com ele fomentou o duo “Sonny & Cher”, na qual teve tanta
projeção nos EUA como o estilo ‘Beatleamina’,
viajando para diversos países e cinco canções no Top 20. Porém, em 1972, o casal sensação se separaram; no entanto,
mantiveram o matrimônio até 1974, culminando para o cancelamento do programa “The Sonny & Cher Comedy Hour” no
meio da terceira temporada, pertencente do Top
10 de audiência do canal CBS.
Com o fim de seu casamento, assumiu a
relação com o executivo musical David
Geffen, responsável por livrá-la dos acordos contratuais com ex-marido que
a obrigavam a manter contratos exclusivos com a Cher Enterprises, empresa controlada por ele.
Outros amores surgiram na mídia como seu
flerte com o ator Marlon Brando e o
cantor Elvis Presley. A cantora
chegou a afirmar que ‘lamentava por não
ter conhecido melhor Brando’, revelando que ambos tiveram ótimos momentos,
mas estava focada em manter seu casamento (com Sonny) dar certo. Já o Rei
do Rock caiu nos encantos da Deusa do
Pop, ligando para ela certa vez para convidá-la a um final de semana com
ele. Porém, quando estava decidida a ir, a estrela tremeu na base e recusou: ‘Não, eu não quero’; mas confessa que se
arrependeu depois.
Cher também
é reconhecida por namorar diversos homens mais novos como o motociclista Tim Medvetz, 25 anos mais novo.
Prêmios
Mark
Bego
citou que ‘ninguém na história do show
business teve uma carreira com ma magnitude e o alcance de Cher’. A única
artista feminina (e no geral com os homens) a receber todos os principais prêmios
no mundo: Oscar, Grammy, Emmy, Globo de Ouro e o Prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes. E reconhecida como
uma das artistas mais bem-sucedidas da história, sendo mais de 100 milhões de
discos solo e 40 milhões como parte da dupla ‘Sonny & Cher’.
Entretanto, o momento marcante é seu
discurso por ‘Moonstruck’ (‘Feitiço da Lua’), no qual recebeu o
prêmio Oscar de Melhor Atriz de
1987. Com excitação a plateia se levantou quando seu nome foi anunciado, Cher disse: "Eu não acho que esse prêmio queira dizer que eu seja alguém. Mas talvez
eu esteja no caminho certo", visivelmente emocionada.
Após todas as pedras no caminho para ser
respeitada como atriz, agora atingiu o apogeu como uma das mais aclamadas
atrizes da década.
Contudo, no ano de 2010, a artista retornou
ao cinema com o musical ‘Burlesque’ e
colaborou com duas canções: “Welcome to Burlesque” e a balada apaixonante em parceria com Diane Warren “You Haven’tSeen The Last Of Me” que, por sinal, premiou com mais um Globo de Ouro de Melhor Canção Original,
além de uma indicação ao Grammy de
Melhor Canção Escrita Para Mídia Visual, atingindo o topo da Billboard Dance, fazendo dela a única artista ter um hit #1 em uma parada da Billboard em cada uma das últimas seis
décadas.
Seu
legado para o mundo
O protótipo da rockstar feminina, ditando
os padrões de aparência e atitude, expandindo a rebelião feminina no mundo do
rock em plena década de 60 é a síntese do que desejava a Madge quando surgiu no programa "American Bandstand", apresentado por Dick Clarck, que ansiava ‘dominar
o mundo apenas como Madonna’ do mesmo modo que Cher era apenas Cher.
A contribuição para a cultura pop quebrou
a barreira da música, seguiu criando tendências no campo da moda, popularizando
os cabelos lisos e longos, as calças boca-de-sino (que por sinal, muitas vezes
citadas como uma criação sua) e ser a primeira mulher a expor o umbigo na
televisão americana.
O periódico Los Angeles Times escreveu que “não
fazem mais ícones de estilo como Cher. Desde o início de sua carreira, [...]
ela entendeu que cultivar um visual era tão importante quanto cultivar uma
sonoridade. Ao contrário das estrelas de hoje, ela não era um outdoor à venda
pela melhor oferta. Ela era a boneca Barbie do mundo, uma fantasia viva da moda
[...] que frequentava simultaneamente as listas dos mais bem e mal-vestidos.
Ame-a ou odeie-a, ela sempre nos mantém interessados", sendo a
influência de Bob Mackie responsável
pelo sucesso do jeans de cós baixo tão usual pela Cher nos anos 70.
A artista é percursora do vídeo-clipe com
a canção “Hell On Wheels” (1979), um
dos primeiros vídeos no nível MTV,
antes mesmo de sua existência. Mais tarde, em 1989, ela seria a primeira
cantora banida do canal musical com o clipe “If I Could Turn Back Time” por seu look (cabelo poodle e vergonha
alheia) de meia arrastão ser inadequado antes das 21h.
Fato é o sucesso duradora de Cher em todas as linhas de mídias /
entretenimento a fez ser apelidada de “Deusa
do Pop”, nos fazendo (mesmo que momentaneamente) esquecer Madonna (temos que admitir, antes de Madge tem Cher) e entender que num mundo onde a cultura pop é moldada por
artistas atuais, Cher é um fenômeno. Como
dizem: ‘modas vêm e vão’, mas ela
está resistindo. Desde os tempos de hippie-chick, toda a extravagância de
Vegas, cod-metal e as baladas poderosas no vocal grave. Ela estava lá, fez de
tudo e muito mais.
A sua gestão de carreira indica diversas
vitórias, além de contemplar reviravoltas solidas no estilo, exercendo um forte
apelo que não se limita aos seus fans antigos. Embora, tudo isso, possa ser atribuído
a um marketing pessoal bem-sucedido. Essa capacidade de projetar a sua
juventude é fundamental para manter viva o status de cantora/atriz/ícone da
indestrutibilidade de Cher.
Fênix
Cher
Em toda a biografia temos a ascensão e
o declino da carreira de qualquer grande mito artístico, Cher não seria diferente nas décadas atuantes atingir os apogeus e
os momentos de menos atenção, mas o que temos a considerar a eficiência da hiperbólica,
extrema, exagerada da artista?
Vale o registro com seu retorno as paradas
no final dos anos 90 com o álbum “Believe”,
por leva-la ao Top 10 dos principais
mercados musicais do globo, saindo um pouco do universo cirurgia plástica que apontam
responsáveis pelo fim da linha étnico para uma versão simétrica, delicada,
convencional (no melhor estilo anglo-saxônica) e cada vez mais jovem da beleza
femininas; vamos olhar para a música.
O vigésimo terceiro disco de estúdio da Deusa do Pop vendeu 20 milhões de
cópias, marcando sua ‘volta por cima’ a música, mostrando que ainda tinha muito
a contribuir. A faixa-título a premiou com o Grammy de Melhor Gravação Dance, transformando-se no maior hit de
sua carreira e certificando como a mulher mais velha (aos 52 anos) a ter um #1
no Hot 100. Sem dúvida, Cher mirava
seu fiel público europeu, Believe é
sabidamente direcionado para esse público que absorve as diversas faixas
rápidas e açucaradas que incorporam ao mesmo tempo o funk mais lento que as
rádios americanas adotam regularmente.
Três anos mais tarde, Cher provou para mundo que ainda é uma grande artista de palco ao
embarcar com a “Living Proof: The Farewell Tour”, vendida aos quatros cantos do mundo como a turnê final da
grande Deusa do Pop, apresentando
quase 40 anos de história no show business, destacando momentos na televisão,
cinema e na música. Foram três anos de duração, sendo a turnê mais bem-sucedida
da história por uma cantora solo até então, entrando para o Guinness Book.
Contudo, o hiato de três anos longe (até
parece a profecia dos três anos) dos palcos, Cher retorna em 06 de maio de 2008, iniciando a
residência de três anos com 200 shows no Colosseum At Caesars Palace, em Las Vegas; ganhando US$60 milhões por ano.
Na época do lançamento, Los Angeles Times noticiou que a
entrada do show “Cher descendo do teto
como a imperatriz do sol --- foi ‘grandiosa’” e comentou que “a carruagem dourada poderia muito bem ser
uma máquina do tempo, porque, quando saiu de lá, a cantora parecia ter apenas
22 anos, mas a jovem já é uma senhora de 61 anos e conseguiu muito bem
sustentar um figurino de Bob Mackie como ninguém”.
Apenas Cher
sendo Cher...
Texto dedicado ao Gabriel Martins
Pinto por ser um fan dedicado
e influenciar os amigos a gostarem da Deusa do
Pop.
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