sábado, 3 de setembro de 2016

Cher em sete décadas

Cantora, atriz e ícone da indestrutibilidade do universo pop



Confesso que em alguns momentos torcia o nariz para a “Deusa do Pop”, devido ao exagero e extravagante maneira de ser que essa descente de armênico causava dentro de mim. Porém, no ano que essa grande artista celebra seus 70 anos de vida e, quase seis décadas de contribuição musical, na sétima arte, na televisão, na moda e pro mundo, não poderia ser indiferente.
Exatamente no dia 20 de maio de 1946, na cidade El Centro, Califórnia; nascia a mutante que daria as rédeas para o surgimento das mulheres na indústria pop musical.

Cherilyn Sarkisian LaPiere Bono Allman ou simplesmeste Cher, como adotou a partir de 1978, excluindo os sobrenomes de seu pai, padrasto e ex-maridos por estar ‘cansada de ser associada a eles’, e ser apenas Cher.
Desde menina, ‘a boneca Barbie do mundo’, apresentava na escola aptidões artistas entre os colegas de classe, mesmo que seus interesses acadêmicos não fossem tão fortes como a arte. Quando aluna "produziu" para sua classe o musical “Oklahoma!”. De acordo com o biógrafo Connie Berman, "ela reuniu um grupo de garotas e dirigiu e criou as coreografias. Como não podia contar com garotos, ela atuou nos papéis masculinos e cantou suas músicas. Mesmo nessa idade, ela já tinha uma voz grave."

Musicalidade
Cher não pertence ao um grupo de gênero musical único por ter abraçado diversos ritmos durante seus anos de contribuição para música com sua peculiar sonoridade vocal grave a cada época.
Sem poder indicar um gênero como seu, a crítica define como ‘única que continua a quebrar as barreiras de seu talento’.
Passeando entre folk, disco, rock, R&B e dance; consegue manter relevante e realizar projetos musicais que surtam efeito perante ao público e crítica; conseguindo manter a sinceridade/identidade em seus álbuns como na mudança anterior, sendo Cher sempre. Impondo sua personalidade e brilhando nos diversos caminhos de gêneros visitados, traçando uma linha tênue entre outros artistas que tenham tanta bagagem como ela, não soariam igualmente reconhecíveis numa canção síntese dance como “Believe”, lá dos idos 1999; e viajar com seu folk sombriamente distante dos anos 1974 com “Dark Lady”. Assim, seus admiradores dos 90 devem deliciar com os anos 70, mesmo sendo trabalhos distintos e diferentes.
Quando Madonna era uma criancinha de colo, a musa de Sonny já causava polêmica com temas abordados em suas letras, no qual refletia uma gravidez indesejada e citar o divórcio, assuntos incomuns para uma gravação pop dos anos 60.
Nesses mesmo anos 60, em especial, é lembrada por não ser vocalmente rica ou poderosa para a ‘mãe de todas cantores solos’, mas apresentava expressividade e radiava nas criações com Sonny Bono, sendo que, na década seguinte, temos (tanto solo ou com Sonny) mais personalidade e um quê mais adulto. Um bom exemplo desse período é a faixa “Gypsys, Tramps & Thieves” por tratar o assunto-tema da música, como as mudanças de tempo incomuns e um refrão memorável serem o elo para a interpretação transcendente da cantora, indicando amadurecimento como artista.
Outro ponto relevante dos anos 70 é a capacidade de hibridismo de Cher ao cantar músicas como “The Way Of Love” que pode ter duas óticas de interpretações: ora pode ser uma mulher expressando seu amor por outra mulher ou uma mulher dando adeus para um homem gay (‘Then what will ya do / When he sets you free / Just the way that you / Said goodbye to me’) por não se importar com a identidade de gênero neutra ou andrógina em suas canções é capaz de sustentar com sua voz os arranjos masculinos ou femininos. Algo que apenas refletiria, positivamente, quando assumiu a carreira solo.
Todavia, o momento marcante da questão vocal de Cher é o aparecimento do ‘Auto-Tune’ no álbum discoBelieve”, definindo o efeito como “Cher Effect” por apresentar a voz da cantora robotizada como se saísse de uma máquina, sinalizando a virada do milênio/século em sequência com a música eletrônica ditando presença no mundo. O tal efeito teve inúmeros artistas imitando em seus discos, sendo assim, creditado a Deusaa revolução de como fazer música’.
A sua notoriedade também está enraizada no campo como compositora após o lançamento do disco “Not.com.mercial” (2000) por ser o único projeto, inteiramente, composto por ela, evidenciando a sua aptidão de contar história através de versos.
Resumindo a voz de Cher contém o timbre grave, volumoso, escuro, rouco e gutural; na excelência do rock, impura, peculiar, transformando num bom veículo para projetar personalidade. Um instrumento musical raro e um dos melhores a ser ouvido.

Seus amores
Em citar Sonny Bono (seu parceiro artístico e marido na época) e mentor artístico, casaram-se, informalmente, em outubro de 1964. Com ele fomentou o duo “Sonny & Cher”, na qual teve tanta projeção nos EUA como o estilo ‘Beatleamina’, viajando para diversos países e cinco canções no Top 20. Porém, em 1972, o casal sensação se separaram; no entanto, mantiveram o matrimônio até 1974, culminando para o cancelamento do programa “The Sonny & Cher Comedy Hour” no meio da terceira temporada, pertencente do Top 10 de audiência do canal CBS.
Com o fim de seu casamento, assumiu a relação com o executivo musical David Geffen, responsável por livrá-la dos acordos contratuais com ex-marido que a obrigavam a manter contratos exclusivos com a Cher Enterprises, empresa controlada por ele.
Outros amores surgiram na mídia como seu flerte com o ator Marlon Brando e o cantor Elvis Presley. A cantora chegou a afirmar que ‘lamentava por não ter conhecido melhor Brando’, revelando que ambos tiveram ótimos momentos, mas estava focada em manter seu casamento (com Sonny) dar certo. Já o Rei do Rock caiu nos encantos da Deusa do Pop, ligando para ela certa vez para convidá-la a um final de semana com ele. Porém, quando estava decidida a ir, a estrela tremeu na base e recusou: ‘Não, eu não quero’; mas confessa que se arrependeu depois.
Cher também é reconhecida por namorar diversos homens mais novos como o motociclista Tim Medvetz, 25 anos mais novo.


Prêmios
Mark Bego citou que ‘ninguém na história do show business teve uma carreira com ma magnitude e o alcance de Cher’. A única artista feminina (e no geral com os homens) a receber todos os principais prêmios no mundo: Oscar, Grammy, Emmy, Globo de Ouro e o Prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes. E reconhecida como uma das artistas mais bem-sucedidas da história, sendo mais de 100 milhões de discos solo e 40 milhões como parte da dupla ‘Sonny & Cher’.
Entretanto, o momento marcante é seu discurso por ‘Moonstruck’ (‘Feitiço da Lua’), no qual recebeu o prêmio Oscar de Melhor Atriz de 1987. Com excitação a plateia se levantou quando seu nome foi anunciado, Cher disse: "Eu não acho que esse prêmio queira dizer que eu seja alguém. Mas talvez eu esteja no caminho certo", visivelmente emocionada.
Após todas as pedras no caminho para ser respeitada como atriz, agora atingiu o apogeu como uma das mais aclamadas atrizes da década.
Contudo, no ano de 2010, a artista retornou ao cinema com o musical ‘Burlesque’ e colaborou com duas canções: “Welcome to Burlesque” e a balada apaixonante em parceria com Diane WarrenYou Haven’tSeen The Last Of Me” que, por sinal, premiou com mais um Globo de Ouro de Melhor Canção Original, além de uma indicação ao Grammy de Melhor Canção Escrita Para Mídia Visual, atingindo o topo da Billboard Dance, fazendo dela a única artista ter um hit #1 em uma parada da Billboard em cada uma das últimas seis décadas.

Seu legado para o mundo
O protótipo da rockstar feminina, ditando os padrões de aparência e atitude, expandindo a rebelião feminina no mundo do rock em plena década de 60 é a síntese do que desejava a Madge quando surgiu no programa "American Bandstand", apresentado por Dick Clarck, que ansiava ‘dominar o mundo apenas como Madonna’ do mesmo modo que Cher era apenas Cher.
A contribuição para a cultura pop quebrou a barreira da música, seguiu criando tendências no campo da moda, popularizando os cabelos lisos e longos, as calças boca-de-sino (que por sinal, muitas vezes citadas como uma criação sua) e ser a primeira mulher a expor o umbigo na televisão americana.
O periódico Los Angeles Times escreveu que “não fazem mais ícones de estilo como Cher. Desde o início de sua carreira, [...] ela entendeu que cultivar um visual era tão importante quanto cultivar uma sonoridade. Ao contrário das estrelas de hoje, ela não era um outdoor à venda pela melhor oferta. Ela era a boneca Barbie do mundo, uma fantasia viva da moda [...] que frequentava simultaneamente as listas dos mais bem e mal-vestidos. Ame-a ou odeie-a, ela sempre nos mantém interessados", sendo a influência de Bob Mackie responsável pelo sucesso do jeans de cós baixo tão usual pela Cher nos anos 70.
A artista é percursora do vídeo-clipe com a canção “Hell On Wheels” (1979), um dos primeiros vídeos no nível MTV, antes mesmo de sua existência. Mais tarde, em 1989, ela seria a primeira cantora banida do canal musical com o clipe “If I Could Turn Back Time” por seu look (cabelo poodle e vergonha alheia) de meia arrastão ser inadequado antes das 21h.
Fato é o sucesso duradora de Cher em todas as linhas de mídias / entretenimento a fez ser apelidada de “Deusa do Pop”, nos fazendo (mesmo que momentaneamente) esquecer Madonna (temos que admitir, antes de Madge tem Cher) e entender que num mundo onde a cultura pop é moldada por artistas atuais, Cher é um fenômeno. Como dizem: ‘modas vêm e vão’, mas ela está resistindo. Desde os tempos de hippie-chick, toda a extravagância de Vegas, cod-metal e as baladas poderosas no vocal grave. Ela estava lá, fez de tudo e muito mais.
A sua gestão de carreira indica diversas vitórias, além de contemplar reviravoltas solidas no estilo, exercendo um forte apelo que não se limita aos seus fans antigos. Embora, tudo isso, possa ser atribuído a um marketing pessoal bem-sucedido. Essa capacidade de projetar a sua juventude é fundamental para manter viva o status de cantora/atriz/ícone da indestrutibilidade de Cher.

Fênix Cher
Em toda a biografia temos a ascensão e o declino da carreira de qualquer grande mito artístico, Cher não seria diferente nas décadas atuantes atingir os apogeus e os momentos de menos atenção, mas o que temos a considerar a eficiência da hiperbólica, extrema, exagerada da artista?
Vale o registro com seu retorno as paradas no final dos anos 90 com o álbum “Believe”, por leva-la ao Top 10 dos principais mercados musicais do globo, saindo um pouco do universo cirurgia plástica que apontam responsáveis pelo fim da linha étnico para uma versão simétrica, delicada, convencional (no melhor estilo anglo-saxônica) e cada vez mais jovem da beleza femininas; vamos olhar para a música.
O vigésimo terceiro disco de estúdio da Deusa do Pop vendeu 20 milhões de cópias, marcando sua ‘volta por cima’ a música, mostrando que ainda tinha muito a contribuir. A faixa-título a premiou com o Grammy de Melhor Gravação Dance, transformando-se no maior hit de sua carreira e certificando como a mulher mais velha (aos 52 anos) a ter um #1 no Hot 100. Sem dúvida, Cher mirava seu fiel público europeu, Believe é sabidamente direcionado para esse público que absorve as diversas faixas rápidas e açucaradas que incorporam ao mesmo tempo o funk mais lento que as rádios americanas adotam regularmente.
Três anos mais tarde, Cher provou para mundo que ainda é uma grande artista de palco ao embarcar com a “Living Proof: The Farewell Tour”, vendida aos quatros cantos do mundo como a turnê final da grande Deusa do Pop, apresentando quase 40 anos de história no show business, destacando momentos na televisão, cinema e na música. Foram três anos de duração, sendo a turnê mais bem-sucedida da história por uma cantora solo até então, entrando para o Guinness Book.

Contudo, o hiato de três anos longe (até parece a profecia dos três anos) dos palcos, Cher retorna em 06 de maio de 2008, iniciando a residência de três anos com 200 shows no Colosseum At Caesars Palace, em Las Vegas; ganhando US$60 milhões por ano.
Na época do lançamento, Los Angeles Times noticiou que a entrada do show “Cher descendo do teto como a imperatriz do sol --- foi ‘grandiosa’” e comentou que “a carruagem dourada poderia muito bem ser uma máquina do tempo, porque, quando saiu de lá, a cantora parecia ter apenas 22 anos, mas a jovem já é uma senhora de 61 anos e conseguiu muito bem sustentar um figurino de Bob Mackie como ninguém”.

Apenas Cher sendo Cher...




Texto dedicado ao Gabriel Martins Pinto por ser um fan dedicado 
e influenciar os amigos a gostarem da Deusa do Pop.

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